A cama é, talvez, o móvel mais íntimo de uma casa. É ali que se recarregam as energias, que o corpo encontra abrigo e que o conforto se torna essencial. No entanto, um detalhe muitas vezes ignorado pode comprometer a experiência de descanso: a altura da cama.
Mais do que uma questão estética ou tendência de design, a medida correta interfere diretamente na saúde da coluna, na facilidade de locomoção e na segurança — especialmente em quartos infantis, ambientes para idosos ou pessoas com mobilidade reduzida. Assim como cada corpo é único, cada lar também possui suas particularidades. Encontrar o equilíbrio entre esses dois universos é o segredo para um quarto mais funcional e aconchegante.
O ponto de equilíbrio entre ergonomia e decoração
Em média, a altura ideal da cama (contando com colchão e estrado ou base) varia entre 50 e 65 cm, partindo do chão até o topo do colchão. Essa medida permite que, ao sentar na beirada da cama, os pés toquem o chão com firmeza, e os joelhos fiquem em um ângulo de 90 graus. Essa postura é a mais saudável para o corpo, pois reduz o esforço ao deitar e levantar.
A arquiteta Juliana Almeida, especialista em design de interiores focado em ergonomia, destaca que “a altura da cama precisa ser pensada considerando o colchão, que pode ter variações significativas dependendo da densidade, da estrutura e da presença de pillow top. Uma base padrão pode se tornar alta demais se o colchão for muito espesso”.
Por isso, a análise precisa ser conjunta — cama e colchão formam uma unidade. Além disso, a altura interfere diretamente na percepção de espaço. Camas mais altas transmitem sofisticação, mas podem tornar o ambiente visualmente carregado em quartos compactos. Já as camas mais baixas favorecem uma estética minimalista, inspirada no estilo japonês, mas podem não ser práticas para o dia a dia, especialmente em casas com crianças ou idosos.
O impacto do piso e do estilo do ambiente
Outro fator determinante para definir a altura ideal da cama é o tipo de piso. Em ambientes frios, como os com porcelanato ou cimento queimado, uma cama muito baixa pode deixar o descanso desconfortável em noites de inverno. O contato mais próximo com o chão intensifica a sensação térmica. Já em casas com piso de madeira ou com tapetes estrategicamente posicionados, essa proximidade pode se tornar um charme funcional.
Segundo o designer de interiores Leonardo Vieira, a decisão também deve dialogar com a linguagem visual do espaço: “Se a proposta é trazer leveza ao décor, uma cama com estrutura mais baixa, próxima ao chão, se integra melhor ao estilo escandinavo ou contemporâneo. Já ambientes clássicos pedem camas com bases mais elevadas e cabeceiras imponentes”.
Dessa forma, o projeto do quarto precisa equilibrar estética e acessibilidade. A escolha de criados-mudos, abajures e nichos também deve acompanhar essa definição para que tudo esteja na mesma altura visual e funcione com fluidez.
Altura ajustada significa mais conforto no cotidiano
Um ponto que muitos esquecem é que a experiência do usuário vai além do momento de dormir. Trocar os lençóis, fazer a limpeza embaixo da cama e até guardar itens em modelos com baú são atividades que se tornam mais fáceis ou mais complicadas dependendo da altura.
A altura da cama também está diretamente ligada à ergonomia do corpo. Uma cama baixa pode exigir esforço maior dos joelhos e da lombar, ao passo que uma cama muito alta pode ser desconfortável para pessoas mais baixas, que passam a depender de um pequeno apoio ou escada.
Além disso, o espaço abaixo da cama é um recurso precioso. Camas mais altas permitem o uso de gavetões ou baús, o que ajuda a ampliar a área de armazenamento em ambientes compactos — uma tendência cada vez mais presente nos apartamentos urbanos.
O essencial: a cama precisa se adaptar à rotina e não o contrário
Em resumo, a altura da cama ideal é aquela que se adapta à sua realidade física, à proposta do projeto e às funcionalidades que o quarto exige. Mais do que seguir padrões, é importante avaliar com cuidado os detalhes que impactam no dia a dia.
Assim como uma roupa feita sob medida veste melhor, uma cama pensada com critério transforma o ato de dormir em uma experiência ainda mais prazerosa — e ergonômica. E, como todo bom projeto de interiores, o conforto começa nos pequenos detalhes, invisíveis à primeira vista, mas essenciais para o bem-estar.
Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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