Resumo
• A Pelvis Chair, criada pelos designers sul-coreanos Mingyu Seo e Eojin Jeon, transforma a anatomia da pélvis humana em referência estrutural e estética.
• A peça integra o projeto The Footprint e simboliza a estreia da dupla no design, conectando narrativa cultural e forma orgânica.
• O design enfatiza ergonomia, com encosto e assento moldados para acompanhar a postura natural e distribuir o peso de forma equilibrada.
• Duas versões foram desenvolvidas: uma estofada, com caráter artesanal, e outra minimalista, produzida em polímero com suporte metálico.
• A cadeira se destaca pela síntese entre anatomia, narrativa simbólica e construção sofisticada, tornando-se um marco no mobiliário contemporâneo.
A busca por um design capaz de dialogar com o corpo humano tem movido alguns dos projetos mais instigantes da atualidade. No mobiliário contemporâneo, a anatomia deixou de ser apenas referência metafórica para se tornar base estrutural e conceitual.
Nesse movimento, a Pelvis Chair — criada pelos designers sul-coreanos Mingyu Seo e Eojin Jeon — surge como uma peça emblemática, capaz de unir organicidade, ergonomia e simbolismo cultural em um único gesto formal.
O corpo como ponto de partida para a criação
Concebida dentro do projeto autoral The Footprint, a Pelvis Chair nasce de uma leitura sensível sobre como o corpo distribui peso, se apoia e se equilibra com naturalidade. A dupla buscou na pélvis humana — centro de estabilidade e ligação entre tronco e pernas — a metáfora perfeita para expressar força, sustentação e movimento. O resultado é uma peça cuja silhueta dialoga inteiramente com essa estrutura anatômica, sem perder a elegância contemporânea característica do design sul-coreano.

Segundo Mingyu Seo, a proposta era “construir um objeto que traduzisse a inteligência natural do corpo para o campo do design”, criando uma conexão direta entre forma e funcionalidade. Já Eojin Jeon destaca que a pélvis “representa o equilíbrio interno de cada pessoa, e a cadeira deveria transmitir exatamente essa sensação ao usuário”.
A narrativa simbólica do projeto Himalaya
A Pelvis Chair é a primeira obra da dupla dentro do subprojeto Himalaya, cuja metáfora relaciona a jornada de alpinistas e os sherpas — figuras essenciais na preservação cultural e na segurança das travessias pelas montanhas asiáticas. Assim como um alpinista só progride com apoio, os designers criaram a cadeira como o marco inicial de sua própria caminhada criativa.
Nessa narrativa, Seo assume o papel do “alpinista”, responsável pelo desenho e pela experimentação formal, enquanto Jeon é descrito como o “sherpa”, que conduz o conceito e a direção do projeto. Essa dualidade reforça a ideia de cooperação, sustentação e simbiose — temas que se entrelaçam, novamente, com a metáfora da pélvis.
Ergonomia integrada à estética orgânica
A estrutura da Pelvis Chair foi desenvolvida para acompanhar a reclinação natural da coluna, permitindo ao usuário sentir apoio distribuído e confortável. A peça funciona como uma extensão do corpo, conectando suavemente a parte superior e inferior, assim como faz a pélvis na anatomia humana. O assento foi modelado a partir da posição real que o assoalho pélvico assume ao sentar, o que garante naturalidade e reduz tensões musculares.

Mais do que uma cadeira, a Pelvis Chair se comporta como um estudo tridimensional sobre peso, centro de gravidade e equilíbrio — elementos que orientam tanto o movimento humano quanto o design contemporâneo voltado ao bem-estar.
As duas versões da peça: artesania versus escultura minimalista
Seo e Jeon criaram duas interpretações, cada uma enfatizando um aspecto da personalidade da Pelvis Chair. No modelo estofado, a madeira clara estrutura a peça enquanto o tecido verde, com trama marcada e costuras em ponto cruz, destaca a delicadeza artesanal e o caráter orgânico das curvas. Esse acabamento reforça a proximidade com o corpo humano e evidencia o cuidado manual empregado na peça.
A segunda versão aposta em um visual mais escultural e minimalista, moldado em polímero ou resina composta em tom azul profundo. O suporte em alumínio escovado acentua a estética industrial leve, criando contraste entre rigidez e fluidez. Em ambos os casos, as ferragens aparentes revelam a sinceridade construtiva do projeto, valorizando cada detalhe.





