Poucas plantas tropicais reúnem tanta imponência e delicadeza quanto a bromélia imperial (Alcantarea imperialis). Nativa da Mata Atlântica e com presença marcante nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, essa gigante de visual escultural é muito apreciada no paisagismo por sua forma em roseta, coloração intensa e capacidade de atrair polinizadores, como os beija-flores.
Ainda que seja resistente e de baixa manutenção, trata-se de uma planta ameaçada em seu habitat natural, o que reforça a importância de cultivá-la com consciência e responsabilidade. Com folhas largas e alongadas que podem ultrapassar um metro de comprimento, a bromélia imperial se desenvolve com lentidão, levando cerca de dez anos para atingir sua maturidade e florescer.
Seu florescimento marca o fim de seu ciclo de vida e é um verdadeiro espetáculo: um pendão floral ereto e ramificado que pode dobrar sua altura, repleto de pequenas flores amarelas que atraem polinizadores, em especial os beija-flores.
De acordo com o botânico Juliano Borin, curador do Jardim Botânico de Inhotim, “essa bromélia funciona como uma caixa-d’água natural, acumulando até 10 litros entre suas folhas e ajudando a manter a umidade ao seu redor por dias após a chuva”. Essa característica não só a torna essencial para o equilíbrio ambiental, mas também um destaque em projetos de paisagismo sustentável.
Cores e formatos que encantam
Na natureza, a bromélia imperial exibe tons de verde-claros e nuances acinzentadas. Porém, o cultivo em viveiros especializados permitiu o surgimento de variedades em cores como vermelho, roxo, prata e até rosa, graças a cruzamentos genéticos.

“Essa diversidade permite que o efeito visual da planta no jardim seja permanente, mesmo fora da época de floração”, explica o paisagista André Possolli, do garden center Casa das Plantas. Para ele, essas variações fazem da espécie uma escolha versátil para diferentes estilos de jardim, desde os mais tropicais até os contemporâneos.
Onde e como plantar a bromélia imperial
Versátil, a bromélia imperial pode ser cultivada diretamente no solo, sobre rochas ou mesmo em árvores, como planta epífita. Ela aprecia locais bem iluminados, com solo drenado e rico em matéria orgânica. Embora sua preferência seja por ambientes úmidos, tolera tanto o sol quanto a sombra parcial, adaptando-se bem a diversas condições climáticas — desde que não enfrente longos períodos de seca intensa.
Apesar de sua imponência, a bromélia imperial também pode ser cultivada em vasos, desde que sejam grandes e de materiais que favoreçam a respiração do solo, como o barro. Juliano recomenda o uso de vasos de cerâmica e regas regulares, além da adubação foliar quinzenal com fertilizantes específicos para bromélias.
Cuidados essenciais e cultivo consciente
Embora seja resistente, a bromélia imperial exige alguns cuidados específicos para se desenvolver com vigor. É fundamental manter a base da roseta sempre úmida, pois é ali que a planta armazena água e nutrientes. As regas devem ser feitas diretamente nas folhas, evitando encharcamento no solo. A poda das folhas secas é indicada apenas em jardins formais; em propostas mais naturalistas, é comum manter a “saia” de folhas envelhecidas, que contribui para a retenção de umidade.

Diferentemente de outras bromélias, essa espécie raramente produz brotos laterais. Portanto, sua reprodução ocorre principalmente por sementes, exigindo paciência: o crescimento até o plantio no jardim pode levar até três anos.
Destaque no paisagismo tropical
A imponência da bromélia imperial faz dela uma protagonista em projetos paisagísticos. Seu uso como ponto focal é recorrente em composições tropicais, especialmente quando plantada em maciços ou disposta ao redor de espelhos d’água. No Instituto Inhotim, por exemplo, a planta é utilizada em larga escala, contrastando com árvores como o tamboril e criando cenários exuberantes.
Segundo André Possolli, “a introdução dessa espécie no paisagismo brasileiro foi fortemente influenciada por Roberto Burle Marx, que valorizava plantas nativas e transformou jardins em verdadeiras celebrações da flora local”. Hoje, ela segue como uma escolha elegante e sustentável, capaz de equilibrar estética, biodiversidade e baixa manutenção.
Bromélia imperial e o mito da dengue
Um dos principais mitos sobre o uso da bromélia no paisagismo urbano é a relação com a proliferação do mosquito da dengue. No entanto, estudos da Fiocruz demonstram que as bromélias não são criadouros naturais do Aedes aegypti. “Eliminar essas plantas dos jardins não ajuda a combater o mosquito e ainda prejudica os ecossistemas que elas sustentam, como sapos e pequenos insetos predadores”, alerta Juliano Borin.

Em áreas urbanas, o problema pode estar no excesso de rega. André explica que “quando a planta é regada em excesso e acumula água limpa, pode, sim, atrair o mosquito”. Para prevenir, basta adicionar uma pequena quantidade de água sanitária diluída à água acumulada, ou evitar o acúmulo excessivo com manutenção adequada.
Valor e acesso à bromélia imperial
A valorização da bromélia imperial no mercado de jardinagem reflete seu porte nobre e desenvolvimento lento. Mudas pequenas podem ser adquiridas a partir de R$ 100, enquanto exemplares com 60 cm de altura chegam a custar até R$ 300. Apesar do investimento inicial, trata-se de uma espécie perene, resistente e que agrega valor visual e ecológico ao jardim.