A arquitetura contemporânea não se resume apenas à estética: ela busca soluções que combinem beleza e funcionalidade. Nesse cenário, o brise soleil se destaca como um recurso versátil e inteligente, capaz de controlar a entrada de luz solar, reduzir o calor interno e agregar personalidade às fachadas. Muito além de um simples elemento decorativo, ele é um componente estratégico que influencia diretamente o conforto térmico, a eficiência energética e até a durabilidade de um edifício.
De acordo com a arquiteta Luciana Castro, especializada em fachadas e design de superfícies, “o brise soleil cria uma barreira física contra a incidência direta do sol, mas de forma controlada, permitindo que a luz e a ventilação natural continuem presentes. Ele equilibra o clima interno e ainda proporciona privacidade, sem fechar o espaço completamente”.
O que é e como funciona o brise soleil
O brise soleil, também chamado apenas de brise, é um conjunto de painéis, lâminas ou módulos instalados na parte externa das edificações, geralmente na fachada. Sua função principal é proteger contra a radiação solar excessiva, filtrando a luz e permitindo que o ambiente interno se mantenha mais fresco.

Esse controle é possível porque os brises podem ser fixos ou móveis, horizontais ou verticais, dependendo da posição do sol em relação à fachada. Em regiões com altas temperaturas, eles reduzem significativamente a necessidade de uso de ar-condicionado, o que se traduz em economia de energia e menor impacto ambiental.
Além da funcionalidade, os brises assumem papel de destaque no design arquitetônico. Eles criam texturas, relevos e sombras dinâmicas na fachada, mudando a percepção visual do prédio ao longo do dia.
Tipos de brise soleil e suas aplicações
Os tipos de brise são definidos principalmente pelo formato e pelo sistema de funcionamento. Os modelos fixos são indicados para fachadas com orientação solar constante, enquanto os móveis permitem ajuste conforme a necessidade de sombreamento ou entrada de luz.

Quanto à orientação, os brises horizontais são ideais para fachadas voltadas para o norte e o sul (no hemisfério sul), pois barram o sol mais alto, típico do verão. Já os verticais funcionam melhor em fachadas leste e oeste, onde o sol incide em ângulo mais baixo, especialmente no início e no fim do dia.
Segundo o arquiteto Eduardo Martins, especialista em conforto ambiental, “o tipo de brise escolhido deve considerar não apenas a estética da fachada, mas também a orientação solar e o microclima local. Esse cuidado garante que o elemento cumpra seu papel técnico e estético de forma eficiente”.
Materiais de brise e suas características
A escolha dos materiais de brise influencia diretamente a durabilidade, a manutenção e a linguagem visual do projeto.

- Alumínio: O brise metálico é leve, resistente à corrosão e de baixa manutenção, é ideal para projetos modernos e de linhas limpas.
- Madeira: O brise de madeira transmite calor e sofisticação, perfeita para fachadas que buscam um apelo natural, mas exige tratamento contra intempéries.
- Aço galvanizado ou corten: oferece resistência mecânica e pode agregar um visual industrial ou rústico.
- Concreto: robusto e durável, com boa inércia térmica, muito usado em edificações institucionais.
- PVC e compósitos: opções econômicas, com ampla variedade de cores e formatos.
Cada material também dialoga de forma diferente com o restante da fachada. Em edifícios corporativos, o alumínio é frequentemente usado pela precisão e uniformidade. Já em residências contemporâneas, a madeira e o aço corten ganham destaque pela identidade visual marcante.
Estética e funcionalidade lado a lado
Ao integrar um brise soleil ao projeto arquitetônico, é possível unir eficiência climática e impacto visual. O jogo de luz e sombra que ele cria valoriza a volumetria da edificação e pode se tornar uma assinatura estética do arquiteto.
Além disso, ele contribui para a sustentabilidade da construção, reduzindo o consumo de energia e prolongando a vida útil dos revestimentos externos, já que minimiza o desgaste causado pelo sol direto.
“Projetar um brise é um exercício de equilíbrio: é preciso atender à função técnica sem abrir mão do impacto visual. Quando bem dimensionado, ele transforma a experiência de quem habita e também de quem observa a edificação”, completa Luciana Castro.