Biofilia e Neuroarquitetura criam espaços que conectam natureza e bem-estar

Os arquitetos Mariana Meneghisso e Alexandre Pasquotto falam sobre as vantagens de trazer a natureza e os elementos naturais para a casa

Nada melhor do que começar o ano com a energia renovada e os ambientes revigorados e, dentro do lar, poucas escolhas simbolizam isso tão bem quanto o verde das plantas. Além de trazerem beleza e frescor, elas também são símbolos de renovação, crescimento e vitalidade. E mais: há quem acredite que podem atrair sorte para o novo ano. Mas, saiba que nem só de plantas e flores vive a biofilia, já que seu conceito dispõe de uma ampla gama de elementos naturais que fazem a diferença na morada.

“Quando aliamos a biofilia e neuroarquitetura, campos emergentes que estão revolucionando o design arquitetônico, criamos ambientes que conectam os benefícios da natureza à saúde física e emocional. Assim, podemos visualizar e vivenciar os projetos de maneira diferente, a partir de princípios neurocientíficos”, explica a arquiteta Mariana Meneghisso, uma das sócias do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.

Por dentro dos conceitos

Para entender melhor, Mariana começa pelo conceito da biofilia, derivado do grego ‘amor a vida’, que sugere que os seres humanos possuem uma conexão inata com a natureza. “Ou seja, cada um de nós tem uma conexão individual com o meio ambiente”, continua. Um dos principais conceitos do campo é a incorporação de elementos naturais nos ambientes construídos, isso pode incluir o uso de plantas, água, luz natural, materiais orgânicos, formas orgânicas que remetem a desenhos naturais e vistas para a natureza.

“Entre as premissas fundamentais da biofilia, não podemos deixar de evidenciar que a biofilia genuína está diretamente associada à responsabilidade do uso de materiais”, conta Mariana, que lembra ainda sobre a réplica das formas, relevos e elementos naturais no desenho e estética dos projetos. “Ter impresso essas linhas e expressões da natureza, sem necessariamente ter uma planta em casa, é um viés rico e essencial na biofilia”, completa.

O uso de plantas nativas pode trazer os benefícios da biofilia e incentivar espaços de identidade regional que promovam sustentabilidade | Foto: Pexels

Já a neuroarquitetura busca compreender como os espaços impactam nossas emoções e comportamentos. “Temos estudos comprovados em todos os lugares do mundo que revelam como os ambientes bem projetados podem estimular criatividade, concentração ou relaxamento”, ressalta Mariana Meneghisso. “Desde elementos como pé-direito alto, escolha da paleta de cores e uso de texturas podem ajudar a criar um equilíbrio entre funcionalidade e conforto”, completa Alexandre Pasquotto.

Quando relacionados, os campos trabalham em conjunto, unindo o instinto humano de conexão com a natureza aos estudos científicos que exploram como os espaços impactam o cérebro e as emoções. Essa união também é apoiada por estudos científicos: em 2022, uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) investigou os impactos dos espaços verdes em áreas urbanas no bem-estar psicológico dos moradores e concluiu que a presença de áreas arborizadas reduz positivamente os níveis de estresse e melhora a qualidade de vida.

A presença de plantas em um espaço não apenas atende à necessidade biológica de contato com o verde, mas também influencia diretamente a redução de níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumenta a sensação de bem-estar | Foto: Pexels

Além disso, a neuroarquitetura explora como o layout dos espaços, a geometria e até os sons de um ambiente projetado com base na biofilia podem estimular áreas específicas do cérebro, incentivando criatividade em um escritório, relaxamento em uma sala de estar ou foco em um espaço de leitura.

Juntos, esses conceitos oferecem uma abordagem holística ao design, criando ambientes que não apenas atendem às necessidades funcionais, mas também nutrem a conexão emocional e física das pessoas com o espaço que habitam”, diz a arquiteta Mariana Meneghisso, especialista em neuroarquitetura da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.

Elementos naturais no design de interiores

Em áreas urbanas, onde o contato com a natureza é limitado, soluções como telhados verdes e paredes vivas estão em alta | Projeto Meneghisso & Pasquotto Arquitetura | Foto: Divulgação

Sem falar apenas de plantas na decoração, a inclusão de outros elementos naturais no projeto de interiores passou a abranger soluções criativas que transformam os ambientes em espaços de conexão com a natureza. Uma dessas soluções é o jardim vertical, que permite incorporar vegetação até mesmo em espaços reduzidos. Instalados em paredes, eles se tornam o ponto focal do ambiente, além de ajudar a purificar o ar e melhorar a acústica. “Outra opção é o jardim de inverno, um espaço interno dedicado exclusivamente à vegetação, que pode incluir fontes de água e pedras naturais, criando um refúgio de tranquilidade dentro do lar”, complementa Alexandre.

Materiais orgânicos também são fundamentais nesse tipo de design. Tecidos naturais, como linho, algodão, juta e bambu, oferecem um toque de leveza e conforto aos espaços. Eles podem estar em cortinas, estofados e tapetes, adicionando um charme artesanal e sustentável. Além disso, o uso de madeira de reflorestamento em móveis e acabamentos traz sofisticação ao projeto, enquanto reforça o compromisso com práticas ambientalmente responsáveis.

Pátios internos, varandas e jardins de inverno são exemplos de como os limites entre o exterior e o interior podem ser híbridos | Projeto Meneghisso & Pasquotto Arquitetura | Foto: Divulgação

Os conceitos abertos são outra forma de integrar a natureza aos interiores. Ao eliminar barreiras físicas entre os cômodos, esses espaços permitem uma melhor entrada de luz natural e maior ventilação cruzada. A presença de janelas amplas ou clarabóias potencializa a iluminação natural, conectando o interior ao ritmo do dia e reduzindo a necessidade de iluminação artificial. Além disso, o uso de pedras naturais, como mármore, granito ou quartzito, em bancadas, pisos ou paredes, adiciona texturas orgânicas e durabilidade, equilibrando funcionalidade e beleza.

A presença da água em elementos como fontes decorativas ou espelhos d’água não só enriquece o ambiente esteticamente, mas também promove relaxamento e auxilia na regulação da umidade. Para completar, o uso de materiais rústicos, como palha e vime, em móveis ou peças decorativas, reforça a conexão com a natureza, proporcionando uma estética acolhedora e rústica.

Plantas para cada ambiente

A integração de plantas no design de interiores é uma das formas mais simples e eficazes de aplicar os princípios da biofilia no lar | Projeto Meneghisso & Pasquotto Arquitetura | Foto: Livia Krass

Agora, para quem pretende adotar as plantinhas nos ambientes, confira algumas sugestões do escritório Meneghisso & Pasquotto Arquitetura:

No caso de ter pets em casa, a profissional reforça a importância de estudar antes de comprar alguma espécie, pois muitas plantas são tóxicas para os bichanos | Foto: Pexels

Mas a arquiteta Mariana Meneghisso alerta, cada planta exige cuidados, como rega, ventilação, iluminação e poda, conforme cada espécie. “A frequência de rega depende do clima e do tipo de planta, algumas precisam de solo sempre úmido, enquanto outras demandam menos água. Além disso, é preciso posicionar as plantas em locais com a quantidade adequada de luz solar ou sombra. A poda regular ajuda a manter o formato e a estimular o crescimento saudável”, destaca a arquiteta.

A tecnologia também tem um papel na neuroarquitetura e na biofilia. Sistemas de controle de iluminação, som e temperatura podem ser ajustados para criar ambientes que respondem às conveniências dos moradores.

Sobre a Meneghisso & Pasquotto Arquitetura

Com referências importantes na viabilidade executiva do projeto, somado a formação afinada em forma e estética, a dupla de arquitetos se completa na criação e concepção dos trabalhos. O escritório atua em projetos residenciais, comerciais e corporativos. Tendo como premissa produzir soluções, através de projetos autorais funcionais, atemporais, nos diversos vieses estéticos e de estilo, que traduzam boa arquitetura e a personalidade do cliente.

Mariana Meneghisso

Arquiteta Urbanista pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Design de Interiores pela Escola Panamericana de Artes. Pós Graduada em Responsabilidade Civil pela Fecaf, Pós Graduada em Neuroarquitetura pela Ipog, Especialista em Perceptual Design pelo Instituto Politécnico de Milão. Membro da Academy of Neuroscience for Architecture Brasil. Sócia titular da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura desde 2005.

Alexandre Pasquotto

Arquiteto Urbanista pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, Técnico em Edificações pela E.T.E. Júlio de Mesquita, Pós Graduando em Cálculo Estrutural pela Ipog, atua na construção civil residencial, industrial e corporativa desde 1992, consultor em dimensionamento, viabilidade e custos no ramo civil. Sócio titular desde 2004 da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.

@meneghisso_pasquotto_arq

Telefone: (11) 4551-7809 | 11 99272-8924

E-mail: contato@pasquottoarquitetura.com.br

Site: https://www.pasquottoarquitetura.com.br/

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