A arquitetura brasileira está prestes a ganhar um novo palco de visibilidade e diálogo com o público: a primeira edição da Bienal de Arquitetura Brasileira (BAB) já tem data marcada e promete ocupar o Parque Ibirapuera, em São Paulo, entre março e abril de 2026. Com proposta totalmente inovadora, a BAB quer mais do que exibir projetos — ela pretende provocar transformações na maneira como os brasileiros enxergam, consomem e vivem a arquitetura.
O evento nasce com a missão de aproximar o trabalho de arquitetos, designers e urbanistas da população, oferecendo experiências sensoriais e práticas. Casas-modelo, pavilhões temáticos, instalações tecnológicas, workshops e espaços gastronômicos serão distribuídos por um dos mais emblemáticos espaços urbanos do país — o parque concebido por Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, marco da arquitetura e do paisagismo modernistas.
Concurso nacional para definir o projeto do evento
As inscrições para o concurso de masterplan que definirá a ocupação da BAB estão abertas até o dia 25 de agosto e prometem movimentar o setor. A proposta é reunir 30 escritórios de arquitetura de todas as regiões do Brasil, ampliando a representatividade do evento desde sua concepção. Tanto profissionais consolidados quanto novos talentos podem se inscrever por meio do site oficial da Bienal.
A estrutura do concurso é dividida em fases. Em um primeiro momento, os participantes passarão por uma imersão criativa com grandes nomes da arquitetura nacional — entre eles, o renomado escritório SuperLimão, conhecido por sua abordagem irreverente e experimental, e os arquitetos Alexandre Salles, Celso Rayol e Rita Tristão. Depois, os seis finalistas receberão mentorias individuais e disputarão o grande prêmio: a viagem à Bienal de Veneza 2026 ao lado do SuperLimão, além de terem seus projetos executados durante a BAB.
Um evento para todos — e sobre todos
Diferente da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, com foco mais acadêmico, a BAB surge com um espírito acessível, didático e experiencial, rompendo com o distanciamento muitas vezes imposto ao público geral. Ao invés de maquetes e discursos técnicos, o visitante encontrará soluções aplicadas ao cotidiano, comparações entre métodos construtivos, mostras sensoriais e intervenções urbanas que deixam evidente como o projeto arquitetônico interfere diretamente no bem-estar.
Ao destacar que apenas 9% das obras no Brasil contam com um arquiteto, os fundadores da BAB, Anna Rafaela Torino e Raphael Tristão, reforçam a urgência de mudar essa realidade. Para eles, o foco do evento não está em saber se um projeto custa caro, mas sim se é possível construir com qualidade, segurança e inteligência. “Queremos que as pessoas entendam o valor de um bom projeto não como um luxo, mas como uma decisão essencial para a vida”, afirmam os idealizadores.
Um evento plural e com identidade brasileira
Inspirada na estrutura da Bienal de Veneza, a Bienal de Arquitetura Brasileira traz uma proposta que valoriza a diversidade cultural e geográfica do país. Em vez de pavilhões por países, a BAB apresentará exposições e experiências criadas por representantes de diferentes estados e biomas brasileiros, traduzindo as múltiplas vozes que compõem a paisagem arquitetônica nacional.
Outro ponto de destaque será o lançamento, em outubro, de novas chamadas públicas para definir o Pavilhão Brasil, o Pavilhão Temático e os espaços assinados por marcas parceiras, ampliando ainda mais o escopo de atuação dos profissionais brasileiros no evento.
A curadoria do projeto, desde já, deixa claro seu compromisso com uma linguagem acessível, conteúdo de qualidade e ações que estimulem o consumo consciente de arquitetura — algo ainda raro no país, mas fundamental para transformar a forma como os brasileiros se relacionam com os espaços em que vivem.
Parque Ibirapuera como símbolo e cenário
A escolha do Parque Ibirapuera como sede da BAB não poderia ser mais emblemática. Ícone da arquitetura modernista, o espaço une natureza, arte e urbanismo, servindo como pano de fundo ideal para um evento que pretende discutir a cidade, os modos de habitar e o futuro do ambiente construído. Com essa decisão, a BAB reforça seu compromisso com a acessibilidade, o uso democrático dos espaços públicos e a integração entre arquitetura e sociedade.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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