A área de serviço deixou de ser um canto escondido, improvisado e sem personalidade. Nos últimos anos, o design de interiores brasileiro incorporou esse ambiente como parte fundamental do cotidiano, entendendo que a lavanderia é um local de fluxo constante, que influencia diretamente a organização e o conforto do lar. Quando planejada com cuidado, ela deixa de ser apenas um espaço técnico e se transforma em um ambiente agradável, conectado ao estilo da casa e à rotina dos moradores.
Essa nova percepção abriu caminho para projetos mais inteligentes, com estética contemporânea, materiais duráveis e estratégias de integração. E, segundo especialistas, pensar no potencial decorativo da área de serviço não é um luxo — é uma forma de otimizar o tempo, melhorar a experiência doméstica e valorizar o imóvel.
A nova mentalidade da lavanderia funcional
A transformação da área de serviço moderna começa por um olhar mais sensível sobre o espaço. Para a arquiteta Juliana Vasconcellos, referência em projetos que priorizam conforto e fluidez, o segredo está em abandonar a ideia de que o ambiente precisa ser frio ou utilitário demais.

“É um espaço de trabalho, mas não precisa ser sem graça nem desconectado do restante da casa”, afirma. Ela destaca que investir em ergonomia, estética e organização faz com que a lavanderia cumpra sua função com eficiência, sem comprometer a harmonia visual.
A partir desse ponto de vista, o ambiente ganha status: deixa de ser o “depósito” da casa e assume papel de apoio essencial na rotina.
Planejamento funcional: a base de uma área de serviço eficiente
Nenhum projeto de lavanderia bem planejada existe sem uma estratégia clara de aproveitamento do espaço. Do teto ao piso, cada centímetro precisa ser pensado para facilitar tarefas e reduzir o acúmulo de itens aparentes. Armários superiores, nichos abertos para itens de uso frequente e marcenaria sob medida ajudam a equilibrar estética e praticidade, criando uma sensação de leveza mesmo em ambientes compactos. O arquiteto Felipe Ferri, do Estúdio Ferri Arquitetura, reforça que a escolha dos materiais é determinante para o sucesso do projeto.

“Materiais resistentes à umidade, como porcelanato, granito e até superfícies sintéticas de alta densidade, garantem durabilidade, mas ainda permitem trabalhar com texturas e paletas acolhedoras”, explica.
Aliás, Ferri frequentemente combina tons claros com madeira suave ou serralheria preta, resultando em uma lavanderia atual, elegante e visualmente atemporal.
Integração visual: quando a área de serviço conversa com a casa
Com apartamentos cada vez menores, a lavanderia integrada à cozinha ou à varanda exige um cuidado especial. A fronteira entre os ambientes se dissolve, e a estética passa a ter ainda mais peso. Eletrodomésticos com design minimalista, gabinetes embutidos e iluminação bem planejada fazem com que a área técnica se transforme quase em parte da decoração.

Juliana Vasconcellos destaca a importância dos detalhes: “Uma parede de cor vibrante, um piso estampado ou até um varal de teto discreto podem dar personalidade ao ambiente sem comprometer a funcionalidade”, aponta.
Essa construção estética permite que o espaço, antes negligenciado, se torne um ponto de charme dentro da casa.
Pequenos espaços, grandes soluções
A área de serviço pequena é hoje um dos maiores desafios da arquitetura residencial contemporânea. Contudo, com criatividade e planejamento ergonômico, ela pode ser tão eficiente quanto ambientes amplos. Tanques embutidos, bancadas retráteis, varais articulados e armários que escondem máquinas de lavar permitem que o ambiente seja versátil, organizado e visualmente limpo.
A iluminação adequada, sobretudo em áreas internas, também influencia diretamente o conforto no uso. Apostar em LED neutro ajuda a não distorcer as cores das roupas, enquanto a ventilação natural — sempre que possível — reduz a umidade e melhora a sensação térmica.
Conforto natural: o papel das plantas na lavanderia
A presença de vegetação em áreas técnicas se tornou uma tendência. Além de trazer foco visual, plantas humanizam o espaço e geram bem-estar. A jiboia, a zamioculca e a espada-de-são-jorge são espécies que se adaptam bem às variações de umidade e pouca iluminação.

Para Felipe Ferri, incluir plantas na área de serviço decorada é mais do que um capricho estético: “Elas melhoram a qualidade do ar e trazem acolhimento ao ambiente. Com os cuidados certos, até uma pequena horta pode fazer parte do projeto”, diz ele.
Integrar elementos naturais reforça a sensação de frescor e aproxima o morador de uma rotina mais leve e prazerosa.





