Mais do que um projeto de interiores, este apartamento de 80 m² em Salvador foi concebido como um verdadeiro refúgio emocional. Batizado de Ninho, o lar assinado pela arquiteta Natália Coelho foi idealizado para uma mãe e suas duas filhas, que vivem momentos muito distintos da vida: uma jovem universitária e um bebê em plena fase de descobertas. A proposta, desde o início, era clara — criar um espaço que fosse ao mesmo tempo acolhedor, funcional e capaz de evoluir com a família.
“São mulheres lindas que se protegem e se apoiam”, define Natália, ao explicar o conceito que guiou todas as decisões do projeto. Assim, cada escolha arquitetônica buscou traduzir essa relação de cuidado, afeto e presença, sem abrir mão da praticidade exigida pela rotina.
Integração dos ambientes como ponto de partida
Na área social, a integração entre cozinha e varanda foi fundamental para ampliar visualmente o apartamento e tornar os espaços mais fluidos. A decisão não apenas favoreceu a circulação, como também reforçou a ideia de convivência, permitindo que diferentes atividades aconteçam de forma simultânea e natural.

O piso vinílico amadeirado percorre os ambientes e atua como elemento de unificação visual, trazendo conforto térmico e sensorial. Dessa forma, o apartamento ganha uma base neutra e acolhedora, capaz de receber diferentes usos ao longo do dia.
Cantinho do café: pausa, ritual e identidade
Um dos pontos mais simbólicos do projeto é o cantinho do café, criado na varanda integrada. Pensado como um espaço de pausa e prazer, ele reflete diretamente o estilo de vida da moradora. “Como a mãe é amante de um cafezinho, trouxemos esse cantinho para a varanda. Ele é marcado pela madeira, que também desenha o pórtico que contorna o espaço”, explica Natália.

A madeira aparece, portanto, não apenas como acabamento, mas como elemento arquitetônico que delimita, acolhe e cria identidade. Além disso, soluções como a ilha para refeições rápidas e o apoio com espelho tornam o uso do espaço mais intuitivo, facilitando a rotina sem comprometer a estética.
Quarto da filha mais velha: identidade sem obviedade
No dormitório da filha mais velha, estudante de psicologia, o desafio foi criar um ambiente que fugisse do estereótipo de quarto tradicional. O pedido era claro: um espaço com atmosfera mais madura, que funcionasse quase como um cenário.

“A ideia foi criar um fundo interessante, sem cara de quarto”, conta a arquiteta. A solução veio com o painel ripado que percorre toda a extensão da cama, funcionando como elemento de destaque e pano de fundo para quadros decorativos. Assim, o ambiente ganha profundidade, personalidade e uma estética mais próxima de um estúdio ou espaço de contemplação.
Quarto da bebê: autonomia desde os primeiros passos
Já o quarto da bebê segue os princípios do estilo montessoriano, reforçando a importância da autonomia e do desenvolvimento infantil desde cedo. A escolha por uma cama baixinha e uma mesa regulável, que acompanha o crescimento da criança, permite que o espaço evolua com o tempo, evitando intervenções constantes.

O tema jardim aparece de forma delicada, trazendo leveza, natureza e estímulos visuais suaves. Dessa maneira, o ambiente se mantém lúdico, mas sem excessos, respeitando o ritmo e as necessidades da criança.
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Arquitetura que acompanha a vida
Ao longo de todo o projeto, o que se percebe é uma arquitetura que não se impõe, mas acolhe e acompanha. Cada ambiente foi pensado para responder às demandas atuais da família, sem perder de vista as transformações futuras.
“O projeto precisava ser prático, mas acima de tudo acolhedor”, reforça Natália Coelho. E é exatamente isso que o apartamento Ninho entrega: um lar sensível, funcional e profundamente conectado às pessoas que o habitam, onde a arquitetura atua como suporte para o cotidiano, os afetos e as diferentes fases da vida.





