A fama das air fryers cresceu tanto nos últimos anos que, hoje, é raro conhecer alguém que nunca tenha considerado comprar uma. Elas prometem praticidade, alimentos mais saudáveis e economia no preparo de receitas do dia a dia. Mas será que a realidade entrega tudo isso mesmo? Antes de escolher um modelo e fazer o investimento, é fundamental entender que nem tudo são flores nesse universo.
Há questões que vão muito além da propaganda: tempo de preparo, manutenção, consumo de energia e até mesmo o sabor dos alimentos podem surpreender negativamente quem compra sem se informar direito. “A air fryer transformou a dinâmica da cozinha brasileira, mas muitos consumidores ainda não sabem como escolher um modelo alinhado com seu perfil e rotina”, afirma a chef e consultora culinária Fernanda Gullo, especializada em tecnologia aplicada à gastronomia.
A promessa de praticidade esconde armadilhas
Uma das grandes promessas da air fryer é a de preparar tudo mais rápido e sem sujeira, mas essa ideia precisa de algumas ressalvas. O tempo de cozimento de certos alimentos, como carnes ou legumes em maior volume, pode ser mais longo do que o indicado nos rótulos. Além disso, é importante lembrar que a máquina exige preaquecimento e intervalos para pausas e mexidas, o que quebra a ilusão de que basta “colocar e esquecer”.

Outro ponto que poucos comentam é a limpeza. Apesar de parecer simples, muitos modelos possuem cestos com cantos de difícil acesso ou revestimentos que descascam com o tempo — e isso compromete não apenas a estética, mas a eficiência térmica e até a segurança no preparo. Para Lorena Munhoz, consultora da Ponto Mil, o maior erro do consumidor é acreditar que todas as air fryers entregam o mesmo resultado. “Os materiais, potência e tamanho interno afetam diretamente o tempo de preparo e a retenção de nutrientes dos alimentos”, explica.
Potência, tamanho e tipo: qual é a certa para você?
Antes de qualquer coisa, avalie o que você pretende preparar com frequência. Modelos menores, de até 3 litros, são ideais para porções individuais ou para quem usa pouco o aparelho. Já as versões acima de 5 litros atendem melhor famílias maiores ou quem gosta de cozinhar de uma só vez para vários dias. A potência também faz toda a diferença: quanto maior, mais rápida a cocção — mas isso também significa mais gasto de energia.
Falando nisso, o consumo da air fryer pode não ser tão econômico quanto se imagina. Aparelhos de 1500W para cima, usados diariamente, impactam a conta de luz de forma semelhante a um forno elétrico tradicional. “É importante que o consumidor compare o tempo de uso e a potência com os hábitos que já tem na cozinha. Para quem cozinha bastante e em grande volume, a air fryer não substitui o forno ou fogão, mas pode complementar”, observa Lorena.
Preço não é garantia de qualidade
Ao contrário do que se espera, o valor alto nem sempre está ligado à durabilidade. Algumas marcas investem mais em design e menos em qualidade dos componentes internos. Outros modelos de entrada, mais simples, podem oferecer um desempenho surpreendente — desde que atendam bem ao que você precisa. O ideal é buscar avaliações de longo prazo, feitas por usuários reais e não apenas em vídeos promocionais.

A chef Fernanda reforça: “Analise a resistência térmica do cesto, a qualidade do revestimento antiaderente e a disponibilidade de peças de reposição. O barato pode sair caro se, em seis meses, o aparelho estiver soltando revestimento ou apresentando falhas no aquecimento.”
Então, a air fryer vale a pena?
Depende do seu perfil. Para quem busca uma solução rápida para esquentar pão de queijo, preparar batatas congeladas, reaquecer carnes sem ressecar ou fazer petiscos crocantes com pouco óleo, sim, a air fryer vale a pena. Mas para quem espera substituir completamente o forno ou quer um resultado idêntico à fritura tradicional, o ideal é baixar as expectativas.
Além disso, é essencial incluir esse eletrodoméstico dentro de um planejamento consciente de uso, evitando excessos ou expectativas irreais. A escolha certa não está apenas na marca ou no preço, mas no quanto esse equipamento se encaixa — de fato — no seu cotidiano.