Construir uma ponte sobre o mar é uma tarefa monumental que exige planejamento meticuloso, tecnologias avançadas e um conhecimento profundo das condições ambientais. A Ponte de Guaratuba, que conecta importantes regiões no Paraná, não é apenas uma obra de engenharia impressionante, mas também um marco para o transporte e a integração regional. O projeto, que enfrentou anos de debates e desafios, finalmente começa a tomar forma, revelando os bastidores de como se ergue uma estrutura tão grandiosa.
O engenheiro civil Rafael Moura, especialista em obras marítimas, explica: “Construir sobre o mar demanda atenção redobrada às fundações, pois o impacto das correntes, a salinidade e as cargas dinâmicas precisam ser compensados por uma estrutura extremamente robusta.” Aliás, as vigas centrais da ponte são o coração da construção, projetadas para suportar tanto o peso da ponte quanto as forças externas.
Tecnologia e inovação nas vigas principais
O trecho estaiado da Ponte de Guaratuba, com 320 metros de extensão, é um exemplo de inovação estrutural. As vigas principais, localizadas nos apoios centrais AP4 e AP5, foram projetadas para sustentar o maior vão da ponte, com 160 metros de comprimento, o que permite um canal de navegação de 90 metros de largura por 19 metros de altura. Essa configuração garante o tráfego seguro de embarcações sem comprometer a estabilidade da estrutura.
Durante a concretagem do bloco de coroamento do Apoio 4, foram usados 830 metros cúbicos de concreto apenas na primeira etapa. O trabalho foi realizado em etapas contínuas para garantir a uniformidade e a resistência do material. A engenheira Ana Prado, especialista em estruturas de concreto, destaca: “O uso de concretagem ininterrupta é crucial para evitar falhas de aderência e garantir que a peça final seja homogênea e segura.”
O avanço das obras e os próximos passos
De acordo com o relatório mais recente, a obra já atingiu 32% de execução. Essa marca representa um grande avanço para um projeto tão desafiador, com destaque para a conclusão das 16 estacas que sustentam os apoios centrais do trecho estaiado. Essas estacas, que se aprofundam no leito marítimo, formam a base para o cimbramento e a montagem da armação que viabilizará as próximas etapas de concretagem no Apoio 5.
A logística também merece menção especial. Durante a segunda etapa de concretagem do Apoio 4, foram mobilizados 82 caminhões betoneiras para transportar 650 metros cúbicos de concreto, um esforço coordenado que demandou 30 horas de trabalho contínuo. Essa sincronização entre engenharia e logística é o que mantém o cronograma da obra alinhado, apesar dos desafios impostos pelo ambiente marinho.