A apenas 14 quilômetros do Leblon, onde o casal vive o dia a dia da rotina carioca, uma segunda casa se tornou sinônimo de pausa, descanso e reencontros. O imóvel, localizado no Itanhangá, já integrava o patrimônio do empresário, mas carregava uma sensação de espaço provisório. Faltava alma, coerência visual e a atmosfera acolhedora que transforma uma casa em abrigo emocional.
Quando veio o segundo casamento, surgiu também a necessidade de criar um refúgio que representasse a nova fase do casal — um lugar para receber amigos, acolher a família e respirar natureza sem abrir mão da sofisticação. Foi assim que a designer Claudia Infante assumiu o desafio de dar identidade ao imóvel apenas com intervenções estéticas, respeitando a arquitetura original e explorando o potencial quente, natural e elegante dos materiais.
“A casa tem uma arquitetura linda e já tinha esse ar de casinha na serra, mas era preciso atualizar quase tudo. Trabalhamos iluminação, mobiliário, tapetes, texturas e, principalmente, muita marcenaria. Com isso, nasceu uma ambientação totalmente nova”, conta a designer.
A marcenaria como eixo da transformação
O projeto parte da percepção de que a madeira, quando bem usada, é capaz de corrigir proporções, organizar visualmente os ambientes e criar uma sensação instantânea de acolhimento. Por isso, a designer aproveitou a generosa estrutura já existente, com vigas aparentes e pé-direito alto, para costurar os espaços por meio de painéis e mobiliário sob medida.

Na sala, a curvatura do sofá em boucle branco dialoga com a fluidez do entorno, enquanto as mesinhas orgânicas reforçam o conceito de leveza. O mix entre tons neutros e verde profundo, presente nas almofadas, aprofundam a conexão com o paisagismo que acompanha a casa. A integração visual também aparece no piso, que mescla cores suaves e cria continuidade entre os ambientes de estar e jantar.
Cozinha e copa ganham nova vida com tons naturais

Se antes a área de cozinha parecia isolada, agora ela se transforma em um ponto de convivência convidativo. O balcão revestido por ladrilhos geométricos cria ritmo visual e conversa com as banquetas de madeira clara, que reforçam o espírito de casa de campo contemporânea. É um espaço pensado para o café da manhã despretensioso de um sábado ou para estender a conversa depois do jantar.
Na copa, o verde suave das paredes aproxima o interior da vegetação externa, enquanto os armários com portas de vidro canelado revelam um toque nostálgico que remete às antigas cozinhas de fazenda. Tudo é organizado com propósito: louças expostas, objetos afetivos e pequenos adornos que reforçam a estética calorosa.

Sala de jantar com textura, luz e autenticidade
A sala de jantar é outro ponto alto do projeto. O uso de cadeiras em couro caramelo cria um contraste elegante com a mesa robusta de madeira, revelando a preocupação de Claudia Infante em unir rusticidade e sofisticação. A parede texturizada, em tom areia, devolve à casa o espírito de refúgio serrano, enquanto a luminária linear flutua sobre o conjunto sem tirar protagonismo dos elementos naturais.

O resultado é uma composição madura e acolhedora, onde cada detalhe — da marcenaria ripada do aparador às flores delicadas no centro da mesa — reforça a sensação de equilíbrio.
A atmosfera que resgata o prazer de estar em casa
O projeto conduz o olhar sem pressa, criando uma narrativa aconchegante. Nada ali é excessivo. Tudo conversa: as cerâmicas artesanais, os quadros reorganizados, o verde pontual nas paredes, a luz amarelada que toca suavemente a madeira. É como se a casa respirasse junto ao entorno, acolhendo a vida que acontece dentro dela.
O trabalho de Claudia Infante mostra que transformar um imóvel não significa reinventá-lo por completo, mas revelar o que ele já tinha de melhor — e potencializar isso com escolhas estéticas precisas.





