A flor bico-de-papagaio, também chamada de Euphorbia pulcherrima, tornou-se um dos maiores símbolos do Natal no Brasil. Suas folhas vermelhas vibrantes dominam vitrines, mesas e arranjos nessa época do ano, criando uma associação quase automática entre a planta e as festas de dezembro. No entanto, essa ligação cultural esconde um detalhe importante: a bico-de-papagaio não floresce exclusivamente no Natal, embora seja nesse período que ela atinge seu auge visual.
O que vemos como “flores” são, na verdade, brácteas coloridas, folhas modificadas que se transformam quando a planta entra em seu ciclo reprodutivo. As flores verdadeiras são pequenas, discretas e ficam concentradas no centro dessas folhas vermelhas, passando quase despercebidas aos olhos menos atentos.
Por que o bico-de-papagaio muda de cor no fim do ano
A transformação da bico-de-papagaio está diretamente ligada ao fotoperíodo, ou seja, à quantidade de horas de luz que a planta recebe diariamente. Trata-se de uma espécie de dias curtos: ela precisa de noites longas e escuras para iniciar o processo de coloração das brácteas.

Segundo a paisagista Rayra Lira, especialista em plantas ornamentais tropicais, “o bico-de-papagaio começa a mudar de cor quando passa cerca de oito a dez semanas com noites realmente escuras, sem interferência de luz artificial. É por isso que, naturalmente, ele fica vermelho entre novembro e dezembro”. Assim, o Natal coincide com o momento em que a planta está no ápice de sua transformação estética, mas não é o único período em que isso pode acontecer.
Em ambientes controlados, como estufas, é possível induzir essa coloração em outras épocas do ano, ajustando iluminação e escuro, o que explica sua presença fora do calendário natalino em alguns projetos de paisagismo e decoração.
Origem e significado da bico-de-papagaio
Originária do México, a Euphorbia pulcherrima tem forte valor simbólico. Na cultura mexicana, a planta era utilizada em rituais muito antes da colonização europeia. Com o tempo, foi incorporada às celebrações cristãs por causa de sua coloração intensa, associada à renovação, à vida e à esperança.
No Brasil, essa simbologia se mantém, mas a planta também passou a ser valorizada como elemento decorativo versátil, capaz de dialogar com diferentes estilos, do clássico ao contemporâneo.
Características que explicam sua popularidade
Além da cor marcante, o bico-de-papagaio chama atenção por sua estrutura arbustiva, folhas verdes profundas e boa adaptação a ambientes internos bem iluminados. Quando cultivada corretamente, a planta pode viver por muitos anos e voltar a colorir suas brácteas em ciclos sucessivos.

O arquiteto paisagista Luciano Zanardo explica que “muita gente descarta o bico-de-papagaio após o Natal por achar que ele ‘acabou’, mas a planta continua viva. Com poda leve, regas equilibradas e boa luminosidade, ela se recupera e pode voltar a se destacar no ano seguinte”.
Esse comportamento reforça o potencial sustentável da espécie, evitando o consumo descartável tão comum nas festas de fim de ano.
Versatilidade no paisagismo e na decoração
Embora seja amplamente associada ao Natal, a bico-de-papagaio vai muito além da decoração sazonal. Em jardins, pode ser usada como arbusto ornamental, compondo maciços ou funcionando como ponto focal em áreas externas. Em vasos, dialoga bem com interiores iluminados, varandas e halls de entrada, especialmente quando combinada com cachepôs neutros que valorizam o contraste das cores.
Na decoração contemporânea, suas folhas vermelhas funcionam como um recurso cromático poderoso, capaz de aquecer ambientes minimalistas e criar destaque sem necessidade de muitos elementos adicionais. Fora do período natalino, a planta permanece com folhas verdes, o que permite sua integração a projetos mais discretos e naturais.





