Quem vive com animais de estimação sabe que a casa passa a ter uma dinâmica própria. O sofá deixa de ser apenas um assento, as almofadas ganham novas funções e as cortinas, muitas vezes, despertam curiosidade extra. Diante dessa convivência tão próxima, a escolha de tecidos pet-friendly se torna um ponto-chave no projeto de interiores, não como uma limitação estética, mas como uma estratégia inteligente para preservar o conforto, a durabilidade e a beleza dos ambientes.
Ao contrário do que se pensava no passado, hoje é plenamente possível criar um décor elegante e sofisticado sem abrir mão da praticidade. O segredo está em entender como cada tecido se comporta no uso cotidiano, especialmente quando dividido com cães e gatos.
Tecidos pet-friendly e o impacto da trama no uso diário
Antes de qualquer decisão estética, é essencial compreender que a resistência de um tecido está diretamente relacionada à sua trama — ou seja, à forma como os fios são entrelaçados. Quanto mais fechado e compacto esse entrelaçamento, menor a chance de acúmulo de pelos, enroscos de unhas ou desgaste precoce.

A arquiteta Marina Salomão, explica que tecidos de trama densa funcionam como uma barreira natural contra os impactos do dia a dia. Segundo ela, “quando a superfície é mais fechada, o tecido se torna menos vulnerável às garras e mais simples de limpar, o que faz toda a diferença em casas com pets”.
Dessa forma, materiais excessivamente naturais e com fios soltos, embora visualmente encantadores, tendem a sofrer mais com o uso intenso e devem ser avaliados com cautela.
Sofás e poltronas
No caso dos estofados, a busca por tecidos pet-friendly passa, sobretudo, pela facilidade de manutenção. Materiais tecnológicos, desenvolvidos especificamente para uso intenso, ganharam espaço nos projetos contemporâneos justamente por responderem bem a esse desafio.
Tecidos como veludos tecnológicos, suedes modernos, linhos sintéticos e superfícies com tratamento impermeável oferecem um toque agradável sem reter pelos e permitem limpezas rápidas. Além disso, ajudam a manter a aparência do móvel por mais tempo, mesmo em casas onde o sofá se transforma em ponto de descanso dos animais.
Para a designer de interiores Paula Neder, o avanço da indústria têxtil trouxe uma mudança importante na forma de especificar tecidos. “Hoje, o morador não precisa mais escolher entre estética e funcionalidade. Existem opções sofisticadas que mantêm o visual elegante e, ao mesmo tempo, suportam o uso cotidiano com pets”, observa.
Almofadas e mantas
As almofadas seguem sendo protagonistas na decoração, mas em lares com pets precisam de atenção redobrada. Tecidos muito felpudos ou com aplicações soltas tendem a estimular mordidas, arranhões e puxões, além de dificultarem a limpeza.

Optar por capas removíveis em tecidos pet-friendly é uma solução prática e elegante. Bordados mais firmes, texturas discretas e acabamentos bem estruturados permitem manter o apelo visual sem comprometer a durabilidade. O mesmo raciocínio vale para mantas decorativas, que funcionam como proteção adicional para sofás e poltronas, além de facilitarem a manutenção diária.
Cortinas pet-friendly
As cortinas exercem papel fundamental no conforto térmico e visual dos ambientes, mas também podem se tornar alvo de curiosidade, especialmente dos gatos. Tecidos sintéticos de trama firme, como blackout em poliéster, telas solares ou gazes sintéticas, oferecem um bom equilíbrio entre caimento e resistência.
Em projetos pet-friendly, modelos muito longos, que tocam o piso, tendem a sofrer mais com puxões e escaladas. Segundo Marina Salomão, “adequar o comprimento e escolher tecidos laváveis é essencial para manter o ambiente funcional sem abrir mão da elegância”.
Roupas de cama
Para quem compartilha a cama com seus animais, a escolha dos tecidos é ainda mais sensível. Materiais como percal de fios mais fechados e microfibra premium oferecem conforto térmico, não acumulam pelos com facilidade e resistem a lavagens frequentes.
No inverno, tecidos mais encorpados e bem estruturados mantêm o aconchego sem comprometer a durabilidade. Já nos períodos mais quentes, superfícies leves e respiráveis garantem bem-estar tanto para os moradores quanto para os pets, reforçando a importância de alinhar funcionalidade e conforto.
Cores, texturas e a estética pet-friendly
A paleta de cores também exerce papel estratégico na decoração pet-friendly. Tons médios e mesclados ajudam a disfarçar pelos, pequenas manchas e sinais naturais de uso, mantendo o ambiente visualmente equilibrado por mais tempo.
Texturas discretas e padrões sutis contribuem para um visual sofisticado e atemporal, além de dialogarem melhor com diferentes estilos de decoração, do contemporâneo ao mais acolhedor.
Como prolongar a vida útil dos tecidos no dia a dia
Além da escolha consciente dos tecidos pet-friendly, pequenos cuidados fazem grande diferença na longevidade dos materiais. Tratamentos impermeabilizantes, mantas protetoras e capas laváveis ajudam a preservar os estofados sem comprometer o projeto estético.
Paula Neder reforça que a decoração acompanha os novos hábitos dos moradores. “Pensar a casa de forma realista, considerando quem vive nela — humanos e animais — é o que garante projetos mais duráveis, confortáveis e afetivos”, conclui.





