Resumo
• O SINAPI registrou variação de 0,27% em outubro, a segunda menor taxa do ano, indicando desaceleração nos custos da construção.
• O custo por metro quadrado subiu para R$ 1.877,29, com materiais e mão de obra avançando de forma moderada.
• Materiais variaram 0,31% e mão de obra 0,22%, influenciadas por menor pressão de reajustes e acordos coletivos pontuais.
• A Região Norte teve a maior alta do país, 0,95%, impulsionada especialmente pelo comportamento do Pará.
• O Pará liderou as variações estaduais com 1,84%, impactado por acordos profissionais firmados no mês.
O setor da construção civil atravessou outubro com um comportamento mais ameno nos preços, revelando um momento de estabilidade importante para empresas, incorporadoras e consumidores. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) apresentou variação de 0,27%, resultado que marca a segunda menor taxa de 2024, atrás apenas do índice de fevereiro, que havia registrado 0,23%.
O indicador, que costuma refletir com precisão a dinâmica do mercado, demonstra um ritmo mais lento em relação a setembro, quando os preços haviam avançado 0,50%. O acumulado em doze meses ficou em 5,30%, abaixo dos 5,58% registrados nos doze meses anteriores. Para efeito de comparação, em outubro de 2024 o índice havia sido de 0,53%, revelando que, apesar das oscilações regionais, o movimento atual é de suavização no aumento dos custos.
Materiais e mão de obra avançam menos e consolidam tendência
O custo nacional da construção por metro quadrado passou de R$ 1.872,24 em setembro para R$ 1.877,29 em outubro. Desse total, R$ 1.071,42 correspondem aos materiais, enquanto R$ 805,87 representam a mão de obra, proporção típica de um mercado altamente sensível às negociações sindicais e aos reajustes de insumos.
Os materiais apresentaram variação de 0,31%, índice inferior tanto ao mês anterior, que havia fechado em 0,38%, quanto ao registrado em outubro de 2024, quando a variação havia chegado a 0,79%. Essa desaceleração revela que, embora ainda haja pressão pontual em determinados insumos, o setor vive uma fase de maior controle nos repasses.
A parcela da mão de obra, por sua vez, avançou 0,22%, após registrar 0,65% em setembro. Segundo o gerente da pesquisa, Augusto Oliveira, “já a mão de obra, com apenas um acordo coletivo captado, ficou com variação de 0,22%, apresentando queda de 0,43 ponto percentual quando comparada a setembro (0,65%). Em relação a outubro de 2024 (0,16%), houve alta de 0,06 ponto percentual”. A fala reforça a importância dos acordos trabalhistas na formação dos custos, especialmente em regiões onde as negociações são mais intensas.
De janeiro a outubro, o avanço acumulado foi de 3,52% em materiais e 6,65% em mão de obra, enquanto os últimos doze meses registraram aumentos de 4,29% e 6,73%, respectivamente. Esses números ajudam a compreender por que o setor continua exigindo cautela, apesar da desaceleração pontual em outubro.
Norte se destaca como a região de maior variação no mês
O comportamento regional do SINAPI reflete realidades distintas. Em outubro, a Região Norte registrou a maior variação do país, com 0,95%, impulsionada principalmente pelo estado do Pará, que teve forte influência dos reajustes nas categorias profissionais. Todas as unidades da região apresentaram avanço, sinalizando maior pressão nos custos trabalhistas.
As demais regiões seguiram um movimento mais moderado: o Nordeste fechou o mês com 0,27%, o Sudeste com 0,15%, o Sul com 0,20% e o Centro-Oeste com 0,21%. Essa distribuição evidencia a heterogeneidade do setor, que responde de forma diferente à dinâmica econômica de cada localidade.
Pará lidera o ranking nacional de altas
Entre os estados brasileiros, o Pará apresentou a maior taxa do mês, com um expressivo 1,84%. O impacto direto dos acordos coletivos firmados naquele período foi determinante para o resultado. Movimentos como esse, embora localizados, costumam refletir rapidamente no custo final de obras públicas e privadas, especialmente em regiões que dependem fortemente da construção civil para impulsionar economias locais.
Mais sobre o SINAPI
Criado em 1969, o Índice Nacional da Construção Civil (SINAPI) tem como objetivo a produção de informações de custos e índices de forma sistematizada e com abrangência nacional, visando a elaboração e avaliação de orçamentos, como também acompanhamento de custos.





