A segurança eletrônica nos condomínios brasileiros entrou em uma nova era. Com a popularização de soluções baseadas em biometria e inteligência artificial (IA), o setor avança de forma acelerada rumo a sistemas mais ágeis, autônomos e inteligentes. Em 2024, o mercado já movimenta mais de R$ 14 bilhões, reflexo direto da transformação tecnológica em curso.
O reconhecimento facial, antes visto como um recurso futurista, hoje é realidade em milhares de prédios pelo país. Ele substitui chaves, tags e senhas com mais eficiência e segurança, oferecendo um controle de acesso personalizado e praticamente infalível. A identificação por traços únicos elimina falhas humanas e reduz drasticamente o risco de invasões ou fraudes.
Além disso, essas tecnologias têm se tornado aliadas importantes da rotina condominial. Em vez de depender exclusivamente da memória ou da boa vontade dos moradores, os sistemas passaram a reconhecer comportamentos, padrões e até situações de risco. É o caso da combinação entre biometria com prova de vida e IA, capaz de não apenas permitir ou negar o acesso, mas analisar o contexto da ação: o horário, a rota, a frequência e até desvios de comportamento que fogem ao padrão de um visitante habitual.
Inteligência que aprende e age: o presente da segurança integrada
O grande diferencial da aplicação de IA em segurança condominial está na capacidade de adaptação e aprendizado. Os algoritmos se tornam mais eficazes a cada interação, aprendendo com os hábitos dos moradores e gerando alertas automatizados sempre que algo sai do comum. Um visitante que acessa o prédio fora do horário habitual, permanece tempo demais em áreas comuns ou repete um trajeto fora do padrão pode ser identificado e sinalizado instantaneamente.
Essa automação amplia o conceito de vigilância. Um portão que se abre sem intervenção humana não representa mais risco, desde que integrado a um sistema de IA. Um simples toque no aplicativo do morador autoriza a visita, que é validada por reconhecimento facial e monitorada até o destino final — e tudo isso, com registros auditáveis e rastreáveis.
Portaria remota: eficiência operacional e nova camada de segurança
Dentro desse novo ecossistema, a portaria remota se destaca como um dos serviços de segurança que mais crescem no país. Mais de 14 mil condomínios brasileiros já operam nesse modelo, que une economia e inovação. A redução de custos operacionais pode chegar a até 60%, mas o verdadeiro ganho está na robustez do sistema.
Com a integração de sensores de presença, autenticação por QR Code, leitura biométrica e análise comportamental por IA, esse tipo de portaria se torna mais seguro do que o modelo tradicional. Tudo é registrado, do momento do acesso ao percurso interno, passando por horários e interações. A segurança deixa de ser apenas reativa e assume um caráter preventivo e inteligente.
A implementação, no entanto, deve seguir os trâmites legais e respeitar a soberania condominial. Por se tratar de uma escolha coletiva, o uso da portaria remota deve ser aprovado em assembleia. A ABESE, inclusive, defende que qualquer tentativa de limitar ou proibir essas tecnologias fere a livre iniciativa e a competitividade do setor.
Biometria: praticidade com responsabilidade
Se há consenso em relação à eficácia da biometria facial, também há a necessidade de atenção ao seu uso. Trata-se de um dado sensível, ligado à identidade física e intransferível de uma pessoa. Por isso, deve ser utilizado com o devido cuidado legal e ético. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige consentimento explícito, armazenamento seguro e transparência total no uso dessas informações.
A biometria com prova de vida, tecnologia presente nos sistemas mais modernos, supera inclusive as tentativas de fraude com fotografias ou vídeos. Equipamentos de ponta detectam profundidade, expressões, micro movimentos e outros sinais que validam se o indivíduo está fisicamente presente, bloqueando tentativas de engano por imagem.
A ABESE reforça que a conformidade com a LGPD deve estar presente desde o desenvolvimento da solução, com mecanismos de revogação do consentimento, rastreabilidade das operações e respeito à minimização de dados. Afinal, não se trata apenas de abrir um portão — trata-se de preservar o bem-estar coletivo com confiança, integridade e inteligência.
Tecnologia, cultura e conscientização: um tripé essencial
Por mais avançado que seja o sistema, a eficiência total só é alcançada com a colaboração dos moradores. É indispensável conscientizar sobre os riscos de atitudes como segurar o portão para um desconhecido ou compartilhar senhas. A educação em segurança é o elo entre o recurso tecnológico e sua aplicação eficaz.
A biometria e a IA não vieram apenas substituir recursos antigos. Elas criam novos paradigmas na forma como protegemos os espaços, oferecemos autonomia aos moradores e garantimos a integridade de quem vive ali. Um condomínio que adota tecnologia, mas também promove cultura de segurança, está mais preparado para o presente — e, sobretudo, para o que vem pela frente.





