Resumo
- O novo planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia será construído com madeira engenheirada, uma técnica sustentável e ágil.
- O projeto inovador é inspirado no sistema solar e busca integrar ciência, arquitetura e sustentabilidade.
- A obra de 5.500 m² contará com uma cúpula de 18 metros de diâmetro e espaço para até 140 mil visitantes anuais.
- A construção utilizará a metodologia BIM para garantir precisão, reduzir erros e otimizar o tempo de execução.
- O Paraná se destaca como pioneiro no uso de madeira engenheirada em grande escala e na aplicação do BIM em obras públicas.
A partir de 2026, o Parque da Ciência Newton Freire Maia, em Pinhais, vai ganhar um planetário de última geração, unindo tecnologia, design e sustentabilidade em uma mesma estrutura. O projeto, conduzido pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), prevê um investimento de R$ 50 milhões e promete transformar o espaço em um dos principais polos de divulgação científica do Brasil.
O novo edifício terá 5.500 metros quadrados e uma cúpula de 18 metros de diâmetro, capaz de reproduzir com precisão o movimento de mais de nove mil corpos celestes em alta definição. A estrutura abrigará ainda um auditório para 300 pessoas, salas multiuso, um relógio solar, um observatório astronômico indígena e amplas áreas expositivas, projetadas para receber cerca de 140 mil visitantes por ano.
Para o secretário estadual de Educação, Roni Miranda, o projeto representa uma fusão entre aprendizado e inovação: “Será um espaço que conecta ciência, tecnologia e sustentabilidade, aproximando os estudantes de experiências reais e imersivas de aprendizagem”.
Madeira engenheirada: tecnologia que une precisão e responsabilidade ambiental
O grande diferencial da obra está no uso da madeira engenheirada, ou madeira laminada colada (MLC), técnica que vem ganhando força no Brasil e já é consolidada em países como Canadá, Alemanha e Noruega. O material é produzido a partir de camadas de madeira de reflorestamento, coladas sob alta pressão, o que garante resistência estrutural comparável ao aço e ao concreto, mas com benefícios ambientais expressivos.
A diretora-presidente do Fundepar, Eliane Teruel Carmona, ressalta que o método traz um avanço significativo na construção pública: “O planetário consolida o Paraná como um estado que alia eficiência técnica e sustentabilidade. Estamos demonstrando que é possível construir grandes obras com baixo impacto ambiental”.
Além de armazenar carbono e reduzir emissões, o uso da MLC dispensa o emprego intensivo de água e cimento, diminui resíduos no canteiro e permite montagens rápidas e precisas, já que as peças chegam prontas da fábrica para a montagem no local.
Segundo o engenheiro Marcello Marcondes de Albuquerque, diretor técnico do Fundepar, a técnica representa uma verdadeira revolução na forma de construir. “Com a madeira engenheirada, conseguimos reduzir em até 30% o tempo de execução de uma obra desse porte. É um processo limpo, organizado e com controle rigoroso de qualidade”, explica.
Arquitetura inspirada no cosmos
Assinado pelo escritório Nardo Grothge Arquitetos, de São Paulo, o projeto arquitetônico foi o vencedor do primeiro concurso público de arquitetura promovido pelo Governo do Paraná. A proposta foi inspirada no sistema solar e no movimento dos corpos celestes, criando uma composição que integra arte, ciência e engenharia.
De acordo com o arquiteto Diego Nogossek da Rocha, da equipe técnica da Fundepar, “a estrutura do planetário irradia a partir do centro, onde está a cúpula de projeção, simbolizando o Sol. Ao redor dela, orbitam os demais ambientes, como se fossem planetas conectados por um eixo de luz”.

O concurso recebeu 22 propostas de diferentes regiões do país e priorizou critérios como sustentabilidade, acessibilidade, manutenção, segurança e integração paisagística.
BIM e inovação digital na construção pública
Outro ponto de destaque é o uso da metodologia BIM (Building Information Modeling), que permite a integração digital de todas as etapas do projeto — do desenho arquitetônico à execução e gestão de custos. Essa abordagem, cada vez mais adotada em grandes obras internacionais, reduz erros, otimiza o tempo e aprimora a comunicação entre as equipes.
“Com o BIM, todos os projetos dialogam entre si em um mesmo modelo tridimensional. Isso garante precisão, transparência e economia de recursos públicos”, explica Albuquerque.
O Paraná é um dos estados pioneiros na aplicação do BIM no setor público, amparado pelo Decreto Estadual nº 10.086/2022, que regulamenta e incentiva o uso da modelagem digital em obras financiadas pelo governo.
Um passo à frente na construção sustentável
Além da construção do planetário, o Parque da Ciência Newton Freire Maia, inaugurado em 2005, passará por uma ampla revitalização. As obras incluem a modernização dos pavilhões, implantação de rotas acessíveis, melhoria na climatização, cabeamento e sinalização, além de paisagismo renovado e recuperação da trilha do Rio Canguiri.
O investimento adicional é de R$ 13 milhões e a expectativa é que, a partir de 2026, o novo planetário se torne símbolo da arquitetura sustentável brasileira, unindo ciência, design e responsabilidade ambiental em uma mesma obra.
Como resume Eliane Teruel Carmona, “esta é uma construção que vai além do concreto e da madeira — é um manifesto sobre o futuro da arquitetura pública no Brasil: tecnológica, eficiente e inspiradora.”





