⚠️ Aviso técnico / responsabilidade de orientação
Este artigo tem caráter educativo e orientador. A execução de instalações elétricas exige conhecimento técnico, normas de segurança, respeito às normas ABNT ou regulamentos locais, e deve ser realizada por profissional qualificado. Ao manipular conduítes, pontos elétricos e circuitos, proceda com cautela e certifique-se de desligar as fontes de energia. Caso haja dúvidas ou casos específicos de carga elétrica elevada, instalações complexas ou normas locais, consulte engenheiro eletricista ou empresa especializada antes de executar.
A etapa da instalação elétrica na obra é uma das mais cruciais para o sucesso do projeto. Isso porque, ao contrário do que muita gente pensa, não se trata apenas de “puxar fios” ou instalar tomadas. O sistema elétrico é como o sistema nervoso da casa — precisa ser pensado desde o início, com inteligência, precisão e planejamento. Afinal, ninguém quer quebrar paredes recém-rebocadas porque esqueceu um ponto de luz ou errou na altura da tomada, certo?
Essa fase deve ser cuidadosamente elaborada antes do reboco, pois é quando os conduítes nas paredes — aqueles dutos que protegem e conduzem os fios — são embutidos. Erros aqui custam caro: atrasos na entrega, retrabalho e até comprometimento da segurança.
Planejamento elétrico: o começo de tudo está no papel
O primeiro passo é o planejamento elétrico da casa com base no projeto arquitetônico. Essa etapa antecipa onde ficarão interruptores, tomadas, saídas de iluminação, pontos de internet, TV, ar-condicionado, entre outros. De acordo com o engenheiro eletricista Carlos Couto, especializado em instalações residenciais, “o segredo para evitar quebradeiras é visualizar o uso da casa no dia a dia. Imagine onde estarão os móveis, quais aparelhos exigem energia e como os moradores se movem pelos ambientes”.

Outro fator determinante é o dimensionamento correto da carga elétrica. A bitola dos fios, o tipo de disjuntor, a quantidade de circuitos e a previsão de equipamentos de maior consumo, como chuveiros elétricos e fornos, devem ser considerados logo de início. Não adianta posicionar um ponto se o circuito não dará conta da demanda.
Antes do reboco: o momento exato para instalar os conduítes
Com o projeto aprovado, entra a fase de execução. Aqui, os conduítes nas paredes são passados seguindo o traçado dos pontos elétricos. Esses tubos devem ser flexíveis, livres de dobras acentuadas e com curvas suaves, para permitir a passagem dos fios com facilidade e segurança.
Segundo a arquiteta Camila Segura, “é essencial que os conduítes fiquem embutidos com folga suficiente para manutenção futura. Nada de esmagar ou entupir o duto com argamassa”.
Camila também alerta para o cuidado com a profundidade dos rasgos nas paredes. “Cada tipo de alvenaria tem seu limite de corte, e, ao ultrapassá-lo, pode-se comprometer a estrutura ou gerar trincas no acabamento. Isso é comum quando se tenta adaptar os conduítes na última hora”, explica.
Ponto por ponto: como posicionar para evitar surpresas
Outro ponto crucial é a altura dos pontos de energia, tanto de interruptores quanto de tomadas. Padrões recomendados devem ser seguidos — como 1,20 m do piso para interruptores, e 0,30 m para tomadas convencionais —, mas o ideal é sempre adaptar à função do ambiente. Uma cozinha planejada, por exemplo, exige pontos a 1,10 m ou mais, considerando bancadas e eletros embutidos.

Não menos importante, é a organização dos quadros de distribuição, que devem receber os eletrodutos no alinhamento certo, com espaço para expansão e com identificação clara dos circuitos. Vale lembrar que futuras automações, sensores e câmeras também precisam ser previstos desde já. Uma dica prática é deixar espera de conduítes extras nos cômodos principais — o custo é mínimo perto do que se gastaria para instalar novos pontos depois da casa pronta.
Revestimento e reboco: só depois da conferência
Antes de subir o reboco, o ideal é revisar todo o circuito. Usar sondas ou passadores nos conduítes das paredes para garantir que não há entupimentos, testar a continuidade das passagens e conferir se todos os pontos estão no lugar certo são etapas que não podem ser ignoradas.
“Ainda que o projeto esteja redondo, sempre vale fazer uma inspeção final. Um ponto invertido, um conduíte com curva fechada ou uma caixa mal posicionada podem gerar retrabalho e prejuízo”, reforça Carlos Couto.
Eficiência, segurança e economia começam nos bastidores
O sucesso de uma instalação elétrica de obra não aparece à primeira vista — ele está por trás das paredes, sob o piso e acima do forro. Quando os conduítes estão bem planejados, as passagens são acessíveis, os pontos são funcionais e o uso da energia se torna fluido e intuitivo no dia a dia.
Investir tempo no planejamento elétrico da casa antes do reboco é mais do que uma decisão técnica. É uma forma de valorizar o imóvel, evitar dores de cabeça e garantir que cada ambiente funcione como foi imaginado: com beleza, conforto e, claro, praticidade.