Em meio à urbanização intensa de São Paulo, encontrar uma casa de vila com quintal, privacidade e atmosfera tranquila é quase um achado. Foi essa raridade que motivou o casal Marcela Machado e Alexandre Romero, ambos triatletas apaixonados pelo Parque do Ibirapuera, a adquirir um terreno de 4 x 18 metros em uma vila da capital paulista. A construção original, compartimentada e escura, não traduzia o estilo de vida ativo e solar da família — por isso, o projeto de reforma se transformou em uma reconstrução total.
A missão ficou a cargo da arquiteta Mona Singal, do escritório Rua 141 Arquitetura, que reimaginou o espaço como um lar leve, funcional e, acima de tudo, com estilo industrial traduzido de forma acolhedora. “O casal queria uma morada aconchegante, integrada à natureza e com alma urbana, onde fosse possível acolher os amigos e as filhas com liberdade e conforto”, explica Mona.
Estilo industrial sem perder o calor da madeira
A casa foi demolida e reconstruída do zero, mantendo apenas as paredes laterais de tijolinhos estruturais, que passaram a brilhar como parte da identidade visual. A nova estrutura utiliza vigas metálicas aparentes, conduletes expostos, caixilhos em freijó, e uma escada com chapa metálica dobrada, garantindo o equilíbrio entre o aspecto urbano e o calor da madeira.

No piso térreo, os ambientes são totalmente integrados. A sala de estar, a cozinha e o jardim se conectam por meio de uma longa estante em concreto, desenhada pelo escritório e executada com prateleiras em madeira freijó e vergalhões.
“Esse elemento costura todos os espaços e ainda valoriza um dos pedidos mais especiais dos moradores: dar protagonismo às bicicletas”, comenta a arquiteta.

Sob a escada metálica, um bar de concreto se estende de um dos degraus e serve como espaço para encontros com amigos, reforçando a proposta de que a casa é feita para viver e receber. “Cada cantinho foi pensado para acompanhar o dia a dia real da família, sem excessos e com verdade”, destaca Mona.
Integração vertical e jardim interno com árvore frutífera
A casa se desenvolve em três pavimentos, conectados por passarelas metálicas que criam fluidez entre os blocos. Ao centro, um jardim interno com uma árvore de araçá garante conforto térmico, ventilação cruzada e um toque poético à vista dos quartos.

“O terreno é estreito, e por isso a integração entre os ambientes foi essencial para trazer luz natural e ampliar visualmente a casa”, explica Mona Singal. A iluminação zenital no corredor do andar superior reforça essa proposta ao permitir que a luz natural entre até os ambientes mais internos.
Uma casa feita para pedalar, brincar e relaxar
Mais do que uma morada funcional, o projeto revela afetividade em cada solução. As bicicletas da família, por exemplo, não foram apenas “encaixadas” nos espaços: elas fazem parte da decoração, ocupando nichos da estante de concreto e paredes estratégicas, com iluminação e destaque.

No pavimento superior, a suíte máster e os dois quartos infantis refletem o mesmo cuidado nos acabamentos. O piso de madeira tauari em espinha-de-peixe percorre todos os ambientes, contrastando com as paredes descascadas que revelam a textura do tijolo original — um gesto que valoriza o tempo e a materialidade.
O quarto da filha mais velha, Beatriz, de 4 anos, conta com uma grande janela com venezianas camarão e vista para a copa da árvore do jardim. A pintura da meia-parede em tom rosa fumê emoldura a cama com leveza. Já o dormitório da pequena Isabela, de 2 anos, ganhou pintura em tom de “Bolo de Nozes”, com móveis compactos e pensados para o crescimento dela.
Oásis urbano no rooftop
No topo da casa, um rooftop com paisagismo tropical encerra o passeio arquitetônico com charme e respiro. O espaço recebeu um pequeno lounge com pufes, área gourmet com churrasqueira e floreiras em toda a borda. As espécies escolhidas — como alpínia, guaimbê, falsa-íris e sombrinha-chinesa — garantem privacidade e criam a sensação de um refúgio verde em pleno centro urbano.

“Criamos um pequeno oásis no topo da casa, com floreiras que aproximam os moradores da natureza e ao mesmo tempo os protegem do entorno”, descreve a arquiteta.
Materiais e afetividade como linguagem
A materialidade do projeto — com seu mix de concreto, metal, madeira e vegetação — conversa diretamente com o estilo de vida do casal, unindo resistência, calor e fluidez. Para a arquiteta Mona Singal, o sucesso da obra está na coerência entre forma e uso: “É um projeto que respeita o ritmo da vida cotidiana. Foi desenhado para durar, acolher e representar quem vive ali”.
Quem reforça essa leitura é o escritório Seiva Paisagismo, que assina o projeto verde da casa. “Escolhemos espécies adaptadas para vasos e floreiras, criando camadas, sombras e texturas que se renovam com o tempo”, comenta a equipe do estúdio, responsável pela seleção botânica desde o térreo até o rooftop.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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