Nos últimos dias, muitas cidades brasileiras enfrentaram um aumento significativo da umidade do ar, especialmente em regiões onde as temperaturas caíram e a ventilação natural foi reduzida. Casas e apartamentos passaram a apresentar um fenômeno inquietante: paredes “suando”, com gotas de água escorrendo lentamente, principalmente durante a noite ou nas primeiras horas da manhã.
Esse excesso de umidade não é apenas desconfortável — ele cria o ambiente perfeito para a proliferação de mofo, bolor e ácaros, que afetam diretamente a saúde dos moradores e a conservação do imóvel. O problema costuma se agravar em ambientes mal ventilados, frios e com pouca incidência solar, como closets, banheiros, armários encostados em paredes externas e até mesmo salas de estar com janelas fechadas por muito tempo.
O que causa o “suor” nas paredes?
Segundo a engenheira civil e especialista em patologias da construção Luciana Zorzeto, o fenômeno está diretamente ligado à condensação da umidade do ar em superfícies frias, como as paredes externas de uma casa. “Quando a temperatura interna está mais quente do que a externa e a umidade relativa do ar é alta, o vapor presente no ambiente condensa nas paredes, formando gotículas de água. É o mesmo efeito que vemos quando tiramos uma garrafa gelada da geladeira”, explica.
Além da condensação, infiltrações e falhas na impermeabilização da edificação também podem agravar o problema. Em construções antigas ou mal executadas, as paredes absorvem a umidade do solo ou da chuva, gerando acúmulo de água e favorecendo o aparecimento do temido mofo.
O perigo invisível do mofo e seus impactos
O mofo pode até parecer apenas uma mancha incômoda, mas seus efeitos são profundos. Ele compromete a pintura, enfraquece rebocos e, em casos extremos, exige reformas estruturais. Mas o maior problema está mesmo na saúde dos moradores. Crianças, idosos e pessoas alérgicas são as mais afetadas. “O contato frequente com esporos de mofo pode provocar crises de rinite, tosse persistente, problemas respiratórios e até dermatites”, alerta a médica imunologista Dra. Renata Lopes, que atua no Hospital São Camilo, em São Paulo.

Por isso, combater o mofo é também uma medida de proteção à saúde da família — e isso pode começar com atitudes simples.
Como preparar um antimofo caseiro eficaz
Uma das soluções mais práticas e acessíveis é fazer um antimofo caseiro. Ele ajuda a absorver o excesso de umidade no ambiente e evita que o mofo se instale. Com materiais baratos e fáceis de encontrar, você pode preparar o seu em poucos minutos.
A base do preparo é o bicarbonato de sódio, conhecido por sua capacidade de absorver odores e umidade. Basta colocá-lo em um recipiente aberto (como um pote de sorvete ou uma caneca velha), cobrir com um pedaço de tecido preso com elástico e posicionar nos cantos mais propensos à umidade — dentro de armários, atrás da cama, em banheiros fechados ou no fundo de prateleiras. Você também pode usar sal grosso ou carvão ativado, que são igualmente eficazes.
Renove a mistura a cada duas semanas ou sempre que perceber que ela está úmida. O recipiente pode ser decorado discretamente e se integrar à decoração do ambiente.
Cuidar da ventilação é essencial
Além do antimofo, é fundamental garantir a ventilação cruzada nos cômodos. Sempre que possível, mantenha janelas abertas por algumas horas do dia. Se o ambiente for muito fechado, ventiladores de teto ou exaustores podem ajudar. E, em casos mais graves, o uso de um desumidificador elétrico pode ser a solução definitiva para ambientes com alto grau de umidade.
Vale também investir em tintas antimofo e impermeabilizantes específicos nas áreas mais críticas. Em reformas ou construções novas, utilizar barreiras contra umidade nas fundações e nas paredes externas evita o surgimento do problema já na origem.