Em um tempo em que a personalização da casa se tornou mais valorizada do que nunca, dar textura às paredes é uma das formas mais criativas e acessíveis de transformar um ambiente. E não é preciso ser pintor profissional para alcançar esse resultado. Usando massa corrida, ferramentas simples como espátula, rolo ou escova, e um pouco de paciência, é possível criar efeitos únicos — do rústico ao sofisticado — em paredes internas.
Para quem busca mais do que uma tinta lisa, o uso de textura oferece profundidade, disfarça imperfeições e imprime estilo. Além disso, é uma alternativa acessível a revestimentos caros e pode ser feita por qualquer pessoa que esteja disposta a colocar a mão na massa — literalmente.
O que é preciso para começar?
Antes de tudo, é essencial entender o tipo de textura que se deseja aplicar. A massa corrida, bastante usada para nivelar e corrigir superfícies internas, também pode ser trabalhada artisticamente quando não é completamente alisada. O segredo está na aplicação: a forma como a massa é manipulada na parede é o que determina o desenho final.

A arquiteta e designer de interiores Larissa Argento, especializada em acabamentos e reforma de interiores, explica que o primeiro passo é preparar bem a parede. “A superfície precisa estar limpa, seca e livre de poeiras. Qualquer resquício de tinta descascando ou gordura pode comprometer a fixação da massa”, orienta.
Como aplicar a textura com ferramentas simples
Após garantir uma base adequada, a massa corrida pode ser aplicada com espátula ou desempenadeira. Nesse momento, não se trata de deixar a superfície lisa, mas de trabalhar com movimentos que criem relevos e padrões. A aplicação com espátula permite formas mais marcadas, que lembram ondas ou movimentos orgânicos. Já o uso de rolos com relevo cria efeitos repetitivos e padronizados, ideais para quem deseja uma parede com visual mais geométrico ou industrial.

Uma alternativa criativa é a escova de cerdas rígidas, que ao ser passada sobre a massa ainda fresca, pode criar linhas, curvas ou texturas semelhantes à madeira. É possível também usar panos amassados, esponjas ou até sacolas plásticas para efeitos personalizados.
Segundo o pintor e técnico em acabamentos Pedro Zaccaro, que atua em projetos residenciais há mais de 15 anos, “o segredo está em trabalhar por partes. A massa seca rápido, então o ideal é aplicar e texturizar uma área pequena por vez. Se deixar para depois, a superfície endurece e fica impossível corrigir”.
Efeitos visuais e sensoriais ao seu alcance
A variedade de efeitos que podem ser criados é quase infinita. O efeito espatulado, por exemplo, tem traços fortes e deixa o ambiente com ar contemporâneo. Já o efeito rústico, com traços mais irregulares e profundos, remete a paredes de cimento queimado ou casas de campo. Há também a opção de suavizar os traços com uma leve lixada após a secagem, criando um visual mais discreto e elegante.

Além da estética, a textura também melhora o desempenho da parede em ambientes onde há imperfeições. Como ressalta Larissa Argento, “paredes com muitas emendas, rebocos antigos ou leves infiltrações que foram tratadas podem ganhar nova vida com a textura. É como vestir um tecido nobre em uma estrutura comum”.
Finalização e pintura
Após a secagem completa da massa, que pode levar de 24 a 48 horas dependendo da umidade do ar, é hora de pintar. Aqui, a escolha da cor influencia diretamente no destaque da textura: tons claros valorizam relevos suaves, enquanto tons escuros evidenciam os contrastes e profundidades da superfície.
A recomendação dos especialistas é usar tinta acrílica fosca ou acetinada, que se adapta melhor à textura e garante durabilidade. “Evite o acabamento brilhante, pois ele tende a realçar defeitos indesejados em vez de valorizar o relevo”, orienta Zaccaro.
Se preferir, acompanhe o passo a passo para criar a textura usando o rolo