A decoração com molduras está longe de ser apenas um resquício da arquitetura francesa do século XVIII. Muito além dos palácios e apartamentos antigos de Paris, o boiserie moderno prova que o passado pode ser uma inspiração valiosa quando adaptado com equilíbrio e propósito. Hoje, esse detalhe arquitetônico ganha novos contornos — literais e figurativos — em ambientes que prezam pela elegância minimalista, sem abrir mão da personalidade.
Ao contrário do que muitos imaginam, aplicar boiseries não significa necessariamente cair em um estilo rebuscado ou ultrapassado. A tendência atual é justamente o oposto: integrar as molduras na parede de forma sutil, em composições que favorecem a leveza, o design limpo e a funcionalidade visual. Nesse contexto, a técnica se aproxima do estilo contemporâneo, especialmente quando aliada a tons neutros, materiais inovadores e móveis de linhas retas.
Harmonia entre textura, forma e cor
Na leitura moderna da técnica, menos é mais. As molduras são geralmente feitas com perfis de poliestireno, madeira MDF ou gesso e, muitas vezes, pintadas da mesma cor da parede para criar um efeito monocromático elegante. A arquiteta Juliana Pippi, conhecida por seu trabalho com composições elegantes e contemporâneas, reforça que o boiserie moderno pode ser uma excelente solução para quem deseja “trazer ritmo e sofisticação às paredes, sem que isso signifique poluição visual”. Segundo ela, o truque está na repetição suave das formas e na escolha de elementos discretos para equilibrar o conjunto.

Esse equilíbrio é o que permite que o recurso funcione bem em espaços diversos, como salas de estar, halls, quartos e até lavabos. Em apartamentos compactos, por exemplo, o boiserie pode até ser uma estratégia para dar profundidade às paredes, especialmente se combinado a espelhos, iluminação indireta e mobiliário leve.
Aplicações contemporâneas do boiserie
O uso das molduras decorativas também não se limita ao formato retangular tradicional. Muitos projetos têm apostado em composições geométricas mais livres, que flertam com o design gráfico. Linhas verticais de diferentes espessuras, molduras horizontais posicionadas em alturas inesperadas e até painéis inteiros criados a partir da repetição de módulos são apenas algumas das possibilidades. Essas variações atualizam o boiserie, tornando-o mais próximo de uma intervenção artística do que de um adorno clássico.

Para a designer de interiores Patrícia Pasquini, que atua há mais de 15 anos no setor de decoração residencial, o sucesso do boiserie moderno está na capacidade de “conferir personalidade ao espaço sem precisar usar objetos decorativos em excesso”. Ela lembra que, nos dias de hoje, os moradores buscam casas mais fluidas, práticas e com soluções visuais duradouras — e é justamente nesse ponto que a técnica ganha força.
Boiserie em projetos reais: o detalhe que valoriza
Em residências onde o conceito arquitetônico pede algo discreto, mas com charme, o boiserie moderno surge como um recurso acessível e extremamente eficaz. Não à toa, ele tem sido adotado tanto em projetos de alto padrão como em reformas de apartamentos compactos.
Isso porque o efeito visual é impactante, mas o custo pode ser bastante viável, especialmente com a popularização das molduras de poliestireno, que dispensam grandes obras ou gastos elevados com marcenaria.

Na sala, o boiserie pode emoldurar uma parede de TV, criar um plano de fundo para quadros ou servir como base para um tom sobre tom com pintura em meia parede. No quarto, reforça a sensação de aconchego quando aplicado na cabeceira. E no corredor, é capaz de transformar o que antes era apenas uma passagem em uma galeria de arte sutil.