Uma descoberta fascinante realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) trouxe à luz uma nova espécie de orquídea, mas também lançou um alerta urgente: a flor está em risco de extinção.
A Malaxis engelsii, uma pequena orquídea com flores verdes, foi encontrada pela primeira vez em 2019 pelo botânico Mathias Engels durante uma trilha na Serra do Mar.
A amostra da orquidea rara foi recolhida e batizada
Embora a planta já tenha sido recolhida em 1947 em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, o material da época não foi suficiente para descrevê-la como uma nova espécie. Para Engels, que tem um estudo focado em orquídeas, a homenagem de batizar a planta é uma grande honra.
A amostra colhida em 2019 foi depositada no Herbário UPCB do Departamento de Botânica da UFPR, um dos mais antigos do Brasil, onde serviu de base para a pesquisa coordenada pelo professor Eric de Camargo Smidt. Ele enfatiza que o local de descoberta, em áreas de difícil acesso e de alta umidade da Mata Atlântica, reforça o risco de extinção da espécie.
Características da orquidea Malaxis engelsii
Além de sua notável coloração verde, a Malaxis engelsii é uma planta epífita, que vive sobre outras plantas utilizando-as como suporte. Essa característica é comum em áreas de alta umidade, como as florestas nebulosas alto-montanas da Serra do Mar, que são habitats ideais para orquídeas e outras plantas epífitas.
De acordo com Engels, a descoberta foi um marco, considerando que espécies epífitas do gênero Malaxis não tinham sido descritas no Brasil até então. “Essa é a primeira espécie epífita do gênero descrita para o Brasil”, comenta ele.
Com folhas em formato de coração e flores que lembram pequenos guarda-chuvas, a Malaxis engelsii mede entre 4 e 7 cm de altura e costuma ser encontrada apoiada em troncos caídos de árvores. Para o botânico, a presença desta espécie na Mata Atlântica sublinha a necessidade urgente de proteger esses ecossistemas.
“O Brasil é o país mais biodiverso do planeta e uma em cada cinco plantas no mundo só ocorrem aqui. Dentro do território, o bioma mais rico e ameaçado é a Mata Atlântica. Descobrir espécies novas nesse local, cuja área atual é cerca de 10% de sua área original, mostra o quanto ainda precisamos estudá-lo para protegê-lo”, explica Mathias Engels.
Apesar da recente catalogação, a Malaxis engelsii já é considerada apta para ser enquadrada como “em perigo” pelo sistema da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), baseado nos registros da espécie, bem como na qualidade e extensão de seu habitat.
Essa descoberta não apenas enriquece o acervo científico, mas também destaca a urgência da conservação da biodiversidade da Mata Atlântica. Assim, iniciativas de preservação tornam-se imprescindíveis para garantir a sobrevivência desta e de tantas outras espécies ainda desconhecidas.