Na construção ou reforma de uma residência, um dos aspectos – muitas vezes negligenciado –, é o planejamento elétrico, especialmente no que diz respeito à organização dos pontos de tomada. Esses pequenos detalhes fazem total diferença no conforto, na funcionalidade e na segurança do lar. Em razão disso, o BMA Studio, comandado pelo arquiteto Bruno Moraes, compartilha algumas orientações sobre como estruturar devidamente essa questão dentro dos ambientes residenciais.
“É muito comum vermos casas com instalações realizadas por ‘conhecidos de conhecidos’, de forma improvisada ou que não seguem as normas de segurança estabelecidas. Essa prática resulta em sobrecargas, curtos-circuitos e até incêndios, colocando em risco a vida dos ocupantes. Por isso, o projeto concebido por um profissional é um investimento que compensa, pois ratifica a tranquilidade aos moradores e evita futuras dores de cabeça”, ressalta o profissional.
Quantos pontos de tomada devem ter num cômodo?
A resposta, segundo Bruno Moraes, é que não existe uma quantidade correta de tomadas e o fator determinante está nas particularidades do ambiente e nas necessidades listadas. Assim, é preciso analisar o que cada espaço pede, quantos eletrodomésticos e outros equipamentos elétricos serão considerados e as possibilidades de uso em cada local.
“Trabalhamos com uma premissa inspirada em um dito popular: ‘é melhor sobrar do que faltar”, enfatiza. Todavia, enquanto esse pensamento faz sentido para a distribuição de pontos em salas, cozinhas e livings, o mesmo não se aplica em banheiros e lavabos – locais com menor necessidade do item. “Embora a arquitetura nos indique uma referência, a medida certa está na rotina que o morador almeja para o imóvel”, complementa.
Ainda na fase de projeto, a posição e quantidade precisam ser estudadas ainda na fase da planta baixa, bem como alturas, deslocamentos, amperagem e localização do mobiliário, entre outras definições, para não ocorrer imprevistos durante a obra. Paralelamente, é imprescindível preparar uma lista com todos os eletrônicos e seus locais para saber onde cada componente ficará.
Junto a isso, há ainda as ‘tomadas de uso geral’ colocadas não propriamente para um determinado eletrônico – casos dos carregadores de celular ou aspiradores de pó. “Elas são úteis para facilitar a ação no dia a dia e não necessariamente para estarem conectadas de forma contínua”, explica o arquiteto.
Da cozinha ao quarto
Os ambientes mais críticos em termos de organização de pontos de tomada são a cozinha e o banheiro por serem áreas em contato direto com a água. “Devemos sempre respeitar um limite acima da bancada”, orienta Bruno.
Na cozinha, ainda recomenda-se posicionar os pontos a cada 1,5 e 2 m ao longo das bancadas, além de incluir adicionais próximos a eletrodomésticos fixos como geladeiras e cooktops. “Nas reformas, sempre instalo no quadro geral um disjuntor com dispositivo DR, pois no caso de uma fuga de energia ou curto, ele desarma por segurança para que ninguém seja acometido por choque elétrico”, completa.
Em ambientes do tipo home office ou salas de estudo, a sistematização dos pontos de tomada deve ser prevista tanto embaixo quanto acima da bancada, para o caso de comportar CPUs, notebook, impressora ou carregamento de celular, sem a obrigação de abaixar-se a todo momento.
Em dormitórios, a altura ideal dos pontos deve ser meticulosamente determinada para prover a praticidade de uso. Geralmente, a altura padrão varia entre 30 e 45 cm acima do piso, porém, essa medida pode ser ajustada de acordo com as preferências individuais e demandas específicas.
Já as salas de estar, livings e home theaters requerem uma abordagem mais específica por meio de questões como a inclusão de uma televisão ou projetor, automação (incluindo os sistemas de comando de voz) e se as caixas de som ficarão embutidas no teto, na parede ou ocultas, entre outras variáveis. Outra solução interessante indicada são as tomadas embutidas em bancadas e marcenarias para permitir a conexão de equipamentos temporários.
Padrões de amperagem
Em residências, os padrões de amperagens básicos mais empregados são 10A e 20A, dispensando quaisquer outros tipos presentes em projetos de indústria, fábrica ou restaurante. O arquiteto explica que ambos determinam a capacidade máxima de corrente elétrica que um circuito ou ponto de tomada pode suportar com prudência.
- · Tomadas de 10 A: São comumente especificadas para dispositivos de baixa potência como abajures, carregadores de celular, rádios e outros aparelhos pequenos;
- · Tomadas de 20 A: Com capacidade de corrente maior, são projetadas para suportar dispositivos de elevada potência como microondas, ar-condicionado, máquinas de lavar e secar roupa, entre outros.
Uma dica pertinente compartilhada pelo profissional é prever tomadas de parede com 20 A em cozinhas, lavanderias, banheiros e lavabos, pois a maioria dos equipamentos desses ambientes exigem uma abertura maior para o encaixe dos plugs de geladeira, microondas, forno, cafeteira, secador de cabelo, etc. A precaução evita que os moradores recorram aos tradicionais adaptadores, que não são aconselhados por arquitetos e eletricistas.
Atenção: o escritório BMA Studio recomenda que a instalação elétrica seja feita por um profissional qualificado para dimensionar os circuitos conforme as regulamentações NBR 5410 e NBR 5413 e locais. No que diz respeito aos materiais, sempre adquirir aqueles aprovados e certificados pelos órgãos fiscalizadores como o Inmetro.
Cuidado em áreas externas
A depender das características da área externa, a tomada precisará ser blindada contra umidade por conta das intempéries que podem se infiltrar nos condutores.