Quando a luz natural não é abundante, muitos acreditam que cultivar plantas dentro de casa é uma missão impossível. Mas a natureza surpreende: há espécies que não só toleram como prosperam em ambientes com pouca luminosidade. Elas crescem bem em cantos de sala, corredores, banheiros e varandas sombreadas — e ainda cumprem o papel de transformar o clima do lar, trazendo frescor, acolhimento e beleza.
Para moradores de prédios ou apartamentos voltados para o sul, por exemplo, ou que enfrentam longos períodos de sombra por conta de outras construções, a escolha certa da planta é o segredo para manter o verde sempre vivo. Segundo a engenheira agrônoma e paisagista Carolina Neumann, o fator mais importante na hora da escolha é entender as condições reais de luz disponíveis no ambiente: “Nem sempre o que parece escuro aos nossos olhos é insuficiente para a planta. Há níveis de luminosidade indireta que são ideais para certas espécies tropicais”, pontua.
Jiboia
A jiboia (Epipremnum pinnatum) é uma das plantas de interior mais queridas por quem vive em apartamentos sombreados. Suas folhas em formato de coração, com nuances de verde e amarelo, trazem movimento e vida aos ambientes. Originária das florestas tropicais, ela está acostumada a crescer sob a copa de árvores, recebendo luz filtrada — por isso, adapta-se muito bem à luminosidade difusa de salas e corredores internos.

De acordo com a paisagista Raquel Boaretto, do estúdio Verde Urbano, a jiboia deve ser cultivada em vasos com boa drenagem e solo rico em matéria orgânica. “Ela é uma trepadeira, então pode ser conduzida em suportes verticais, ou deixada pendente para criar um efeito ornamental. O segredo está na rega equilibrada: espere o solo secar levemente entre uma rega e outra”, orienta.
Além disso, a jiboia tolera bem ar-condicionado e variações leves de temperatura — o que a torna ainda mais indicada para ambientes urbanos fechados.
Zamioculca
Com suas folhas brilhantes e estrutura ereta, a zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) chama atenção por sua estética contemporânea. É perfeita para cantos com sombra, corredores e halls de entrada, onde poucas espécies sobreviveriam.
A zamioculca exige cuidados mínimos, o que a torna ideal para quem está começando na jardinagem ou para quem tem uma rotina corrida. A especialista Carolina Neumann destaca que o maior erro ao cuidar da espécie é o excesso de água: “Por ter raízes tuberosas, ela armazena líquido e tolera bem períodos de seca. O ideal é regar apenas quando o solo estiver completamente seco”, alerta.

Conhecida como a “planta indestrutível”, a zamioculca armazena água em seus caules grossos, o que permite que sobreviva semanas sem rega. Além disso, é símbolo de prosperidade em muitas culturas africanas, de onde é originária.
Lírio-da-paz
Se a proposta é unir beleza à funcionalidade, o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii) é um acerto. Suas flores brancas, que se destacam entre o verde escuro das folhas, iluminam ambientes com pouca luz, como banheiros, escritórios e salas de TV. Mas a aparência delicada não engane: trata-se de uma planta resistente, com alta capacidade de adaptação.

Além do aspecto decorativo, o lírio-da-paz se destaca por sua atuação como purificador natural do ar, segundo estudos da NASA. A rega deve ser feita duas a três vezes por semana, dependendo da umidade do ambiente, e o substrato precisa ser leve, com boa drenagem.
Segundo Raquel, a floração tende a ser mais intensa quando há luminosidade indireta constante: “Mesmo que não receba sol direto, é importante garantir que o espaço seja claro. Ambientes completamente escuros podem prejudicar a produção das flores”, explica.
Maranta-zebra
A maranta é uma planta de folhagem ornamental que parece feita à mão: suas folhas são ricamente desenhadas, com veios contrastantes e tons que variam entre o verde, o roxo e o vinho. Uma curiosidade encantadora é o seu movimento diário: ao cair da noite, ela recolhe as folhas como se estivesse “dormindo”.

A maranta prefere sombra parcial, umidade constante e temperaturas amenas — condições que a tornam perfeita para apartamentos. Ela aprecia regas frequentes, mas sem encharcar. Também gosta de pulverizações nas folhas para simular o ambiente úmido das florestas tropicais.
“É uma planta sensível a extremos. Evite deixá-la perto de correntes de ar ou em locais com ar-condicionado direto, pois suas folhas podem se queimar nas pontas”, recomenda Carolina.
Espada-de-São-Jorge
Forte, rústica e simbólica, a espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata) é perfeita para cômodos com pouca luz natural, como halls, lavabos ou até quartos. Com suas folhas longas e verticais, ela traz imponência e estrutura ao ambiente — além de carregar uma aura mística ligada à proteção e ao equilíbrio energético do lar.

É uma das poucas plantas que realiza fotossíntese mesmo à noite, liberando oxigênio em ambientes fechados — o que a torna excelente companhia para o quarto.
De baixa exigência, a espada-de-são-jorge pede solo bem drenado e regas espaçadas. “O ideal é regar quinzenalmente em locais úmidos e semanalmente em climas mais secos. O excesso de água é o principal vilão, podendo causar apodrecimento das raízes”, reforça Raquel Boaretto.